NERI GELLER
A recente conversa entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump representa um marco de maturidade e pragmatismo em nossa política externa. Em um mundo cada vez mais polarizado, onde as trincheiras ideológicas muitas vezes se sobrepõem aos interesses nacionais, a retomada do diálogo entre as duas maiores democracias do Ocidente é uma notícia a ser celebrada por todos que torcem pelo Brasil.
Como produtor rural e homem público que dedicou a vida a defender os interesses do agronegócio brasileiro, vejo com grande otimismo este novo capítulo. A conversa, descrita por ambos os lados como “muito boa” e “amistosa”, vai muito além de um simples gesto diplomático. Ela sinaliza que, acima das diferenças políticas, há um entendimento de que a cooperação e o comércio são os verdadeiros motores do desenvolvimento.
O Pragmatismo como Norte
Durante anos, defendi que a política externa brasileira deve ser guiada por um pragmatismo responsável, focado em resultados concretos para o nosso povo e para o nosso setor produtivo. A ideologia, seja de que matiz for, não pode ser um entrave para a prosperidade.
Lembro-me bem dos períodos em que, como ministro da Agricultura, trabalhamos para abrir mercados e fortalecer nossas exportações. Foi com diálogo e seriedade que o agronegócio brasileiro conquistou o mundo. A conversa entre os presidentes resgata essa tradição, mostrando que o Brasil voltou a ser um ator respeitado no cenário global, capaz de dialogar com todos os grandes players internacionais.
O Fim do Tarifaço: Uma Vitória para o Agro
O ponto central da conversa, e o que mais interessa ao nosso agronegócio, foi a discussão sobre o fim do tarifaço de 40% imposto aos produtos brasileiros. Esta medida, que tanto prejudicou nossos exportadores, foi um erro que agora temos a oportunidade de corrigir. O pedido direto do presidente Lula para a remoção dessas barreiras, e a receptividade de Trump, que admitiu que os Estados Unidos “sentem falta” de produtos como o nosso café, são sinais extremamente positivos.
A Lição para os Extremos
A repercussão da conversa nas redes sociais e na imprensa demonstra que a maioria da população brasileira e o setor produtivo estão cansados da polarização estéril. Enquanto uma minoria radical, tanto à direita quanto à esquerda, busca o confronto permanente, a maioria silenciosa anseia por estabilidade, previsibilidade e prosperidade.
A tentativa de alguns setores de sabotar as relações entre Brasil e Estados Unidos, apostando no isolamento e nas sanções, está longe de ser o melhor caminho. A diplomacia, exercida com maturidade e foco nos interesses nacionais, deve prevalecer.
A designação do secretário Marco Rubio para conduzir as negociações, embora vista com desconfiança por alguns, deve ser encarada como um sinal de profissionalismo. Caberá à nossa equipe de negociadores, liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, demonstrar com fatos e dados a importância de nossa parceria.
Um Futuro de Oportunidades
O Brasil é um gigante do agronegócio, com capacidade para alimentar o mundo de forma sustentável e competitiva. A retomada do diálogo com os Estados Unidos, nosso parceiro histórico, abre um horizonte de novas oportunidades. Não se trata de submissão ou alinhamento ideológico, mas de uma relação madura entre duas nações soberanas que se respeitam e reconhecem a importância mútua.
Como homem do campo, sei que a semente do diálogo, quando plantada em solo fértil, gera colheitas abundantes. A conversa entre Lula e Trump foi essa semente. Cabe a nós, agora, regar essa planta com seriedade, trabalho e um profundo senso de patriotismo, para que possamos colher os frutos de uma parceria renovada, que trará mais empregos, mais renda e mais desenvolvimento para o nosso Brasil.
Neri Geller é produtor rural, empresário e político brasileiro e Ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento