RAFAEL MACHADO
DA REDAÇÃO
O Ministério Público de Mato Grosso instaurou inquérito civil para investigar possíveis irregularidades nos procedimentos cirúrgicos realizados pela empresa Plástica Pra Todos, após duas mulheres morrerem neste ano por causa de operações estéticas realizadas pelo programa no Hospital Militar, em Cuiabá.
A portaria, que deu início às investigações, foi assinada pelo promotor de Justiça Ezequiel Borges de Campos, do Núcleo de Defesa da Cidadania de Cuiabá, da 6ª Promotoria de Justiça Cível.
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Serão investigadas denúncias de irregularidades como: Atos cirúrgicos seriados e (in) capacidade estrutural do hospital onde os procedimentos são realizados; Ausência/deficiência de atendimento pré e pós-operatório; Falta de alvará sanitário da unidade hospitalar creditada pela empresa responsável pela execução dos serviços; Publicidade enganosa.
O inquérito iniciou depois que a servidora pública aposentada Ivone Alves de Almeida, de 67 anos morreu após ser submetida a uma lipoabdominoplastia (associação de abdominoplastia e lipoaspiração), mas não resistiu e morreu por volta das 5h55 do dia 20 de novembro.
Ela foi a segunda vítima decorrente de cirurgias plásticas feitas pelo programa.
Por meio de nota, a direção da "Plástica Pra Todos" informou que a paciente sofreu embolia pulmonar após o procedimento. O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM) abriu nova sindicância para investigar o caso.
Outros casos
No Estado, a "Plástica Pra Todos" é acusada de causar a morte da esteticista Daniele Bueno, em maio passado. Ela foi internada em estado grave no Hospital Sotrauma, de Cuiabá, após fazer cirurgias de lipoescultura e mamoplastia no Hospital Militar pelo mesmo programa.
Daniele estava sofrendo com uma hemorragia quando foi internada e, em seguida, teve uma parada cardíaca e morreu.
A "Plástica Pra Todos" também é acusada por complicações de saúde em outras duas pacientes. M.J.O.U. que foi internada no Hospital São Matheus, depois de ser submetida à cirurgia de abdominoplastia, no dia 07 de julho. Conforme a presidência da empresa, a paciente sofreu sangramento de vasos e procurou o pronto-atendimento da unidade médica.
Já N.R.D.C. passou por cirurgias de mastopexia com prótese, lipoescultura e abdominoplastia, no dia 26 de junho. A "Plástica Pra Todos" não revelou quais as complicações sofridas por ela, apenas informou que foi uma intercorrência inerente a qualquer tipo de cirurgia, alegando que a paciente foi encaminhada e acompanhada pela equipe médica da empresa e do Hospital Militar para melhor acompanhamento no Hospital Santa Casa.
Interdição
Por ausência de registro, o Conselho Regional de Medicina (CRM-MT) havia interditado, em setembro, os trabalhos dos médicos que atuam na "Plástica Pra Todos". A decisão foi revertida um mês depois porque o CRM não teria encontrado irregularidades na documentação da empresa.
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