VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT
A juíza Elza Yara Ribeiro Sales, do Plantão Cível de Cuiabá, mandou bloquear imediatamente todos os bens e valores do funcionário Welliton Gomes Dantas e do sócio da empresa VS Transportes Bovinos, Vinícius de Moraes Sousa, presos sob a acusação de desviar R$ 15 milhões da empresa Bom Futuro. Em decisão publicada hoje (17), a magistrada entendeu que há fortes indícios do crime e risco de que os envolvidos escondam os bens fruto do desvio, o que impediria a recuperação do prejuízo.
“A narrativa indica que os requeridos foram presos em flagrante pela prática, em tese, de delitos que envolvem desvio continuado de patrimônio pertencente à autora, sendo previsível que, uma vez restabelecida a liberdade, adotem condutas voltadas à ocultação ou rápida dilapidação dos ativos, o que inviabilizaria a utilidade da futura ação principal e impediria eventual recomposição dos prejuízos suportados”, disse a magistrada.
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A decisão atinge ainda a empresa VS Transportes Bovinos e a esposa de Welliton, Arielly da Silva Araújo, pois, segundo a juíza, há indícios de que ela poderia saber dos desvios, bem como ter tido acesso ou até se beneficiado dos valores desviados.
“Observo que, embora a inicial não tenha apresentado comprovação documental acerca de seu vínculo conjugal ou convivencial com Welliton, tal circunstância foi posteriormente confirmada por meio das informações regularmente requisitadas por este juízo. Reconhecida essa condição, a manutenção de sua presença no polo passivo revela-se juridicamente adequada. A posição de cônjuge, por si só, permite acesso direto ou compartilhado às movimentações financeiras do núcleo familiar, bem como conhecimento e eventual gerenciamento de valores que circulam nas contas do casal. Ademais, a relação conjugal possibilita que recursos provenientes das condutas ilícitas imputadas a Welliton sejam depositados em contas de titularidade da requerida, ou que bens adquiridos a partir desses montantes sejam formalmente registrados em seu nome, como forma de ocultação ou dispersão patrimonial”, decidiu Elza Yara Ribeiro Sales.
Em depoimento à Polícia Civil, Welliton chegou a confessar os desvios e contou que adquiriu veículos de luxo, imóveis e fez aplicações financeiras com o dinheiro.
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O pedido de bloqueio dos bens foi feito no último sábado (15) pela Bom Futuro, que apontou que Welliton Dantas usou sua função interna para aprovar pagamentos de notas fiscais falsas emitidas pela empresa VS Transportes, simulando serviços de transporte de gado que nunca aconteceram.
Boletim de ocorrência, documentos fiscais e decisões que converteram as prisões em flagrante de Welliton e Vinícius em preventivas, reforçando o esquema, foram anexados ao pedido da Bom Futuro.
Ainda conforme a empresa, a Bom Futuro não contrata terceiros para o transporte de gado há aproximadamente três anos, utilizando exclusivamente sua frota de caminhões. Ciente dessa rotina operacional, Welliton, valendo-se de sua função de encarregado de logística e da autonomia que tinha para aprovar pagamentos no sistema interno, passou a se apropriar de documentos de viagens já realizadas e quitadas pela empresa.
Com os documentos legítimos, mas já utilizados, a empresa VS Transportes Bovinos, administrada pelo comparsa Vinícius, emitia Conhecimentos de Transporte Eletrônico (CT-e’s) falsos, simulando serviços inexistentes. Na sequência, Welliton aprovava internamente o pagamento como se o transporte tivesse sido contratado e executado, direcionando os valores desviados para a conta da empresa de Vinícius.
Ainda conforme a Bom Futuro, pouco antes de o esquema ser descoberto, Welliton tentou liberar um pagamento de R$ 295.830,00 no sistema interno, demonstrando que a prática estava em plena execução.
Welliton e Vinícius estão presos desde a última quinta-feira (13).
