DO REPÓRTERMT
Investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado e da Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (GCCO/Draco), no âmbito da Operação Ludus Sordidus, revelaram que a facção criminosa atuava no campo político com evidente proximidade e apoio a candidatos nas eleições municipais.
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Segundo o delegado responsável pelas investigações, Antenor Junior Pimentel Marcondes, essas atividades demonstram a aceitação do grupo e apoio à facção nas comunidades, bem como facilitam a lavagem de dinheiro, ao disfarçar a origem ilícita do dinheiro usado para financiar campanhas, além de eventos, campeonatos de futebol e promover ações assistencialistas.
“A estratégia é comparável à política do ‘pão e circo’ da Roma Antiga, onde governantes mantinham a população distraída com alimentos e espetáculos. Da mesma forma, a organização criminosa usa o futebol e outras formas de entretenimento para conquistar simpatia e lealdade, enquanto camufla suas atividades ilícitas”, disse o delegado.
Na última quinta-feira (21), foram alvos de mandados de prisão dez membros do grupo criminoso. São eles: Sebastião Lauze Queiroz de Amorim, Weberton Pedro da Silva, João Bosco Queiroz de Amorim, Jheine Rodrigues Pinheiro, Ozia Rodrigues, Dainey Curvo da Costa, Paulo Augusto e Silva Dias, Ronando Queiroz de Amorim, Renan Curvo da Costa e Ronaldo Queiroz de Amorim Júnior.
Ainda de acordo com as investigações, em relação às ações assistencialistas, elas eram financiadas por plataformas de apostas esportivas, como “Gol Bet” e “Campeão Bet”, utilizadas para lavar o dinheiro da facção, financiar o tráfico de drogas e distribuir lucros entre os líderes da organização criminosa.
Sebastião Lauze, conhecido como “Dono da Quebrada” e presidente de um time de futebol amador, foi apontado como líder do grupo responsável por administrar as atividades nos bairros Osmar Cabral, Jardim Liberdade e adjacentes, recebia diretamente 10% dos lucros mensais das plataformas. Ele também garantia o funcionamento das apostas sem interferência externa, contando com o apoio de outros integrantes da facção, cada um com funções bem definidas, sendo um gestor operacional da Gol Bet, responsável por repasses e controle de lucros; um influenciador, sócio da Campeão Bet, cuidando do marketing e patrocínios comunitários; e um terceiro membro atuando como contador informal, responsável pelos balanços semanais das plataformas.
Os operadores discutiam estratégias, contratavam cambistas e organizavam a logística das apostas.
Lavagem de Dinheiro e Repasses
Os lucros das apostas eram distribuídos semanalmente. Os comprovantes de transferências bancárias eram destinados para o líder, sendo utilizadas contas de “laranjas”, onde os valores eram recebidos. Em um único mês, foram identificadas movimentações superiores a R$ 50 mil apenas na conta de um dos envolvidos.
Além disso, empresas, dentre elas uma churrascaria, eram utilizadas como fachada para movimentar valores. A investigação identificou transferências cruzadas entre essas empresas e contas ligadas aos operadores da facção, com valores incompatíveis com a renda declarada pelos investigados.
Lavagem de imagens
Por meio de ações assistencialistas, como distribuição de cestas básicas e patrocínio de times amadores, a facção tentava legitimar a operação das bets. Eventos esportivos eram financiados pelas plataformas, o que fazia os líderes e integrantes da facção serem vistos como “benfeitores” da comunidade.
A promoção de eventos esportivos, como campeonatos de futebol amadores, funcionava como uma estratégia de tentativa de influência, uma vez que ao patrocinar e organizar esses eventos, o grupo criminoso tentava fortalecer sua presença nas comunidades, mas construindo uma imagem de entidade benevolente.
Operação
Durante o cumprimento dos mandados de prisão, o alvo João Bosco reagiu à abordagem e morreu em um confronto com a Polícia Civil.
Já Sebastião foi preso e solto no mesmo dia, pois alegou ter cardiopatia grave e risco de infarto. Ele deverá cumprir prisão domiciliar mediante o uso de tornozeleira eletrônica.
Ozia Rodrigues, Dainey Aparecido da Costa e Paulo Augusto e Silva Dias já estavam presos na Penitenciária Central do Estado (PCE), na capital, em razão de outros crimes.
Renan Curvo da Costa e Ronaldo Queiroz de Amorim Júnior foram mantidos presos.
Em relação a Weberton Pedro da Silva, Jheine Rodrigues Pinheiro e Ronaldo Queiroz de Amorim, a Polícia Civil confirmou que dois também seguem presos e um está foragido, mas não deu detalhes sobre as identidades.
Além das prisões, foram cumpridos 8 mandados de busca e apreensão, 8 sequestros de imóveis e 12 sequestros e bloqueios de contas e valores no valor de mais de R$ 13,3 milhões.
Os mandados foram cumpridos em Cuiabá, Várzea Grande e na cidade de Nova Odessa (SP).
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