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Cuiabá, 23 de Agosto de 2025
23 de Agosto de 2025

23 de Agosto de 2025, 14h:15 - A | A

POLÍCIA / ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Candidatos eram apoiados por traficantes alvos de operação, diz delegado

Investigações concluíram que atuação em campo político demonstra aceitação do grupo criminoso na sociedade.

DO REPÓRTERMT



Investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado e da Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (GCCO/Draco), no âmbito da Operação Ludus Sordidus, revelaram que a facção criminosa atuava no campo político com evidente proximidade e apoio a candidatos nas eleições municipais.

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Segundo o delegado responsável pelas investigações, Antenor Junior Pimentel Marcondes, essas atividades demonstram a aceitação do grupo e apoio à facção nas comunidades, bem como facilitam a lavagem de dinheiro, ao disfarçar a origem ilícita do dinheiro usado para financiar campanhas, além de eventos, campeonatos de futebol e promover ações assistencialistas.

“A estratégia é comparável à política do ‘pão e circo’ da Roma Antiga, onde governantes mantinham a população distraída com alimentos e espetáculos. Da mesma forma, a organização criminosa usa o futebol e outras formas de entretenimento para conquistar simpatia e lealdade, enquanto camufla suas atividades ilícitas”, disse o delegado.

Na última quinta-feira (21), foram alvos de mandados de prisão dez membros do grupo criminoso. São eles: Sebastião Lauze Queiroz de Amorim, Weberton Pedro da Silva, João Bosco Queiroz de Amorim, Jheine Rodrigues Pinheiro, Ozia Rodrigues, Dainey Curvo da Costa, Paulo Augusto e Silva Dias, Ronando Queiroz de Amorim, Renan Curvo da Costa e Ronaldo Queiroz de Amorim Júnior.

Ainda de acordo com as investigações, em relação às ações assistencialistas, elas eram financiadas por plataformas de apostas esportivas, como “Gol Bet” e “Campeão Bet”, utilizadas para lavar o dinheiro da facção, financiar o tráfico de drogas e distribuir lucros entre os líderes da organização criminosa.

Sebastião Lauze, conhecido como “Dono da Quebrada” e presidente de um time de futebol amador, foi apontado como líder do grupo responsável por administrar as atividades nos bairros Osmar Cabral, Jardim Liberdade e adjacentes, recebia diretamente 10% dos lucros mensais das plataformas. Ele também garantia o funcionamento das apostas sem interferência externa, contando com o apoio de outros integrantes da facção, cada um com funções bem definidas, sendo um gestor operacional da Gol Bet, responsável por repasses e controle de lucros; um influenciador, sócio da Campeão Bet, cuidando do marketing e patrocínios comunitários; e um terceiro membro atuando como contador informal, responsável pelos balanços semanais das plataformas.

Os operadores discutiam estratégias, contratavam cambistas e organizavam a logística das apostas.

Lavagem de Dinheiro e Repasses

Os lucros das apostas eram distribuídos semanalmente. Os comprovantes de transferências bancárias eram destinados para o líder, sendo utilizadas contas de “laranjas”, onde os valores eram recebidos. Em um único mês, foram identificadas movimentações superiores a R$ 50 mil apenas na conta de um dos envolvidos.

Além disso, empresas, dentre elas uma churrascaria, eram utilizadas como fachada para movimentar valores. A investigação identificou transferências cruzadas entre essas empresas e contas ligadas aos operadores da facção, com valores incompatíveis com a renda declarada pelos investigados.

Lavagem de imagens

Por meio de ações assistencialistas, como distribuição de cestas básicas e patrocínio de times amadores, a facção tentava legitimar a operação das bets. Eventos esportivos eram financiados pelas plataformas, o que fazia os líderes e integrantes da facção serem vistos como “benfeitores” da comunidade.

A promoção de eventos esportivos, como campeonatos de futebol amadores, funcionava como uma estratégia de tentativa de influência, uma vez que ao patrocinar e organizar esses eventos, o grupo criminoso tentava fortalecer sua presença nas comunidades, mas construindo uma imagem de entidade benevolente.

Operação

Durante o cumprimento dos mandados de prisão, o alvo João Bosco reagiu à abordagem e morreu em um confronto com a Polícia Civil.

Já Sebastião foi preso e solto no mesmo dia, pois alegou ter cardiopatia grave e risco de infarto. Ele deverá cumprir prisão domiciliar mediante o uso de tornozeleira eletrônica.

Ozia Rodrigues, Dainey Aparecido da Costa e Paulo Augusto e Silva Dias já estavam presos na Penitenciária Central do Estado (PCE), na capital, em razão de outros crimes.

Renan Curvo da Costa e Ronaldo Queiroz de Amorim Júnior foram mantidos presos.

Em relação a Weberton Pedro da Silva, Jheine Rodrigues Pinheiro e Ronaldo Queiroz de Amorim, a Polícia Civil confirmou que dois também seguem presos e um está foragido, mas não deu detalhes sobre as identidades.

Além das prisões, foram cumpridos 8 mandados de busca e apreensão, 8 sequestros de imóveis e 12 sequestros e bloqueios de contas e valores no valor de mais de R$ 13,3 milhões.

Os mandados foram cumpridos em Cuiabá, Várzea Grande e na cidade de Nova Odessa (SP).

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