VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT
João Bosco Queiroz de Amorim, de 47 anos, foi baleado e morreu em um confronto com a Polícia Civil, na manhã desta quinta-feira (21), no bairro Osmar Cabral, em Cuiabá. Ele é um dos alvos da Operação Ludus Sordidus, que investiga a atuação de uma facção criminosa altamente estruturada envolvida em crimes como jogos de azar, estelionato, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Informações apontam que o alvo reagiu à abordagem e foi atingido com dois tiros no tórax. Ele foi socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), onde chegou já sem vida.
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Ao todo, a Polícia Civil trabalha, desde as primeiras horas do dia, para cumprir 38 ordens judiciais, sendo 8 de busca e apreensão, 10 mandados de prisão preventiva, 8 sequestros de imóveis, 12 sequestros e bloqueios de contas e valores no valor de mais de R$ 13,3 milhões.
Os mandados são cumpridos em Cuiabá, Várzea Grande e na cidade de Nova Odessa (SP).
A operação é comandanda pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO).
Investigações
As investigações iniciaram em dezembro de 2023, após a interrupção de uma reunião comunitária no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá. Na ocasião, integrantes de uma facção criminosa encerraram o encontro sob ameaças, em uma clara tentativa de demonstração de poder do grupo criminoso.
A motivação dessa dissolução seria "política", pois a irmã de um dos investigados era pré-candidata a vereadora e a reunião teria sido interpretada como um evento político, devido à presença de um secretário de Estado.
A partir da ocorrência foi instaurado inquérito policial na GCCO/Draco para apuração dos fatos e com avanço dos trabalhos investigativos foi possível identificar um grupo da facção criminosa estruturada para a prática de crimes na região do bairro Osmar Cabral, Jardim Liberdade e adjacentes.
Atuação criminosa
Entre os alvos identificados está um dos líderes do grupo criminoso, que sob a fachada de ações sociais e atuação como presidente de time de futebol amador, nas verdades, monopolizava as práticas criminosas em alguns bairros (denominada quebrada), controlando e lucrando com atividade criminosas de tráfico de drogas, estelionatos e jogos ilegais.
Ele recebia mensalmente 10% dos lucros da plataforma de apostas ilegais, além de valores oriundos do tráfico e de golpes aplicados em plataformas de compra e venda pela Internet. Também foi identificado que um de seus liderados, mesmo faccionado que dissolveu a reunião de bairro, foi quem promoveu, mais tarde, as extorsões de comerciantes em Várzea Grande e Rondonópolis.
Outro dos faccionados pertencente ao grupo é um conhecido influencer de Várzea Grande que ostentava grandes quantias em dinheiro, viagens e cruzeiros em redes sociais. Ele fazia parte do grupo que explorava "bets" financiando a facção e foi preso recentemente por tráfico de drogas.
Os integrantes da facção criminosa ostentavam veículos de luxo e imóveis incompatíveis com renda lícita, como casas, prédios comerciais e galerias de lojas, sendo estes alvos de sequestro na operação, visando a recuperação de ativos e desarticulação do grupo criminoso. O grupo também contava com o uso de pessoas interpostas (laranjas) para aquisição de veículos, bem como recebimento de valores de origem ilícitas.