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Cuiabá, 10 de Outubro de 2025
10 de Outubro de 2025

10 de Outubro de 2025, 17h:21 - A | A

OPINIÃO / MARIANA RAMOS

O crescimento do diabetes tipo 2 no Brasil é preocupante!

MARIANA RAMOS



Nos últimos anos, tenho acompanhado com preocupação o aumento expressivo dos casos de diabetes no Brasil. Hoje, somos o sexto país do mundo em número de pessoas diagnosticadas, segundo o Atlas do Diabetes 2025. E o mais alarmante é perceber que essa doença, que antes era mais comum em adultos, está surgindo cada vez mais cedo — inclusive entre adolescentes e jovens adultos.

Mais de 90% dos casos correspondem ao diabetes tipo 2, uma forma da doença fortemente associada ao estilo de vida moderno. O excesso de peso, o sedentarismo e a alimentação baseada em produtos ultraprocessados têm sido fatores decisivos nesse aumento.

O que acontece no organismo de quem tem diabetes

O diabetes mellitus é uma condição crônica em que o corpo não consegue controlar adequadamente os níveis de glicose no sangue. Isso pode acontecer porque o pâncreas não produz insulina suficiente ou porque as células do corpo deixam de responder a ela da maneira correta.

A insulina é o hormônio que permite que o açúcar (a glicose) entre nas células para ser usado como energia. Quando esse processo falha, o açúcar se acumula no sangue, e com o tempo isso pode causar uma série de complicações — cardíacas, renais, neurológicas e até visuais.

Tipos de diabetes: tipo 1 e tipo 2

No diabetes tipo 1, que geralmente aparece na infância ou adolescência, o próprio sistema imunológico destrói as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina. Por isso, quem tem esse tipo precisa da aplicação diária do hormônio para sobreviver.

Já o diabetes tipo 2, muito mais comum, está relacionado a fatores genéticos, mas principalmente a hábitos de vida. Nesses casos, o corpo até produz insulina, mas as células se tornam resistentes a ela — um quadro que chamamos de resistência à insulina.

Por que vemos tantos casos entre os jovens

Atendo cada vez mais pacientes jovens com diabetes tipo 2, algo que há poucos anos era raro. Isso está diretamente ligado ao estilo de vida contemporâneo: muito tempo sentado, pouca atividade física e uma alimentação dominada por produtos industrializados e bebidas açucaradas.

Esses hábitos, somados à predisposição genética, aumentam o risco de desenvolver resistência à insulina e, consequentemente, o diabetes. Além disso, fatores como pressão alta, colesterol elevado e excesso de peso formam um terreno fértil para o surgimento da doença.

O diagnóstico

O diagnóstico do diabetes é feito por meio de exames simples, como glicemia de jejum, teste oral de tolerância à glicose (TOTG) e hemoglobina glicada (HbA1c).
Muitos pacientes descobrem a doença de forma tardia, porque ela pode evoluir silenciosamente por anos. Por isso, costumo reforçar em consulta: se há histórico familiar ou fatores de risco, é fundamental fazer o acompanhamento preventivo com um endocrinologista.

Prevenção e controle: o que realmente funciona

O diabetes tipo 2 é, em grande parte, evitável. Pequenas mudanças de hábito fazem uma enorme diferença.
Ter uma alimentação equilibrada, com mais alimentos naturais e menos produtos industrializados, praticar atividades físicas regularmente e controlar o peso corporal são medidas simples, mas extremamente eficazes.

Quando o diagnóstico já foi feito, o tratamento inclui ajustes na dieta, exercícios, medicamentos orais e, em alguns casos, insulina. O acompanhamento médico contínuo é essencial para evitar complicações e manter uma boa qualidade de vida.

Um alerta que vale para todos nós

Falar sobre diabetes é falar sobre saúde no sentido mais amplo. A rotina moderna nos empurra para o sedentarismo, para refeições rápidas e para o consumo exagerado de açúcar — e tudo isso cobra um preço alto ao longo dos anos.

Cuidar da alimentação, movimentar o corpo e fazer exames periódicos não são apenas recomendações médicas: são formas de preservar a vida com mais energia, disposição e equilíbrio.

Precisamos, mais do que nunca, reforçar a importância da prevenção, especialmente entre os jovens. O cuidado com o futuro começa agora — e ele depende das escolhas que fazemos todos os dias.

Dra. Mariana Ramos é endocrinologista na Fetal Care, em Cuiabá-MT.

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