CAROL SANFORD
DA REDAÇÃO
A juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal, prestou depoimento aos delegados Ana Cristina Feldner e Flávio Stringueta, nesta quinta-feira (5), a respeito das interceptações telefônicas clandestinas, operadas pelas Polícias Civil e Militar. O conteúdo das informações prestadas pela magistrada não foi revelado.
Selma já havia revelado, em ofício enviado à Corregedoria do Tribunal de Justiça, em maio, que dois números de telefones foram inseridos ilegalmente em meio às interceptações das investigações da Operação Forti, comandada pela delegada da Polícia Civil, Alana Cardoso, em fevereiro de 2015.
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“É possível verificar que existem indícios de que os terminais telefônicos (...) e (...) foram inseridos pela autoridade policial, delegada Alana Derlene Souza Cardoso. Esta delegada ocupava, na época, o cargo de Diretora de Inteligência da Policia Judiciária Civil, diretamente ligada à Secretaria de Segurança Pública, cujo titular era o promotor de justiça Mauro Zaque de Jesus. Foi ela a coordenadora da Operação Fortis, da SESP. O ocorrido denota, a princípio, típico caso da chamada ‘barriga de aluguel’, que induziu tanto o Ministério Público quanto o juízo a erro”, contou a magistrada à época.
Os telefones “grampeados” eram das ex-assessoras da Casa Civil, Tatiana Sangalli e Caroline Mariano, ligadas ao ex-secretário da pasta, Paulo Taques. Tatiana era amante de Taques. As escutas teriam sido inseridas após denúncia do ex-secretário de que o governador Pedro Taques (PSDB) corria perigo, uma vez que as mulheres estariam tramando, em conjunto com o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, contra a vida do governador.
A Operação Forti, inicialmente, tratava de investigação contra a atuação de facções criminosas nos presídios do Estado. Os telefones das ex-assessoras da Casa Civil foram inseridos no âmbito da investigação como “Dama Lora”, que seria Tatiana, e “Amiguinha”, que seria Caroline.
Pouco tempo depois os números das duas foram retirados da Forti e inseridos na Operação Querubim, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). A apuração foi encerrada dois meses depois sem qualquer comprovação da denúncia de Paulo Taques.
“Neste caso não há como afirmar que houve ‘barriga de aluguel’, já que os nomes e dados dos alvos interceptados foram efetivamente revelados pela autoridade policial, não se descartando, contudo, que possa ter havido a construção de [história cobertura], para dar legitimidade às escutas”.
Selma revelou à época, que “era impossível a constatação de eventual fraude, até porque se trata de duas representações, formuladas por autoridades policiais distintas, lotadas em unidades diversas”.
A juíza prestou depoimento por cerca de 1h30 e saiu sem falar com os jornalistas a respeito de suas declarações aos delegados.
Depoimentos
Ainda nesta quinta-feira, os delegados ouviram o sargento da Polícia Militar, João Ricardo Soler, que foi o responsável pela instalação da câmera espiã na farda do escrivão do Inquérito Policial Militar, tenente-coronel José Henrique Soares, que seria usada para gravar o desembargador Orlando Perri, para tentar afastá-lo da relatoria da investigação dos “grampos”.
Soler está preso desde o dia 27 de setembro, na Operação Esdras, em que também foram presos os ex-secretários de Segurança Pública, Rogers Jarbas, de Justiça, Airton Siqueira, da Casa Militar, Evandro Lesco, da Casa Civil, Paulo Taques, e outras três pessoas.















