CELLY SILVA
DA REDAÇÃO
Considerado pela Justiça o “braço armado” da suposta organização criminosa liderada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), durante sua gestão, o ex-secretário adjunto de Administração e coronel da Polícia Militar de Mato Grosso (PMMT), José de Jesus Nunes Cordeiro dispensou os serviços da advogada Iliete Yung e solicitou que um defensor público conduza sua defesa nas ações criminais a que responde por conta das operações Sodoma e Seven.
A informação consta nos autos da terceira ação penal, oriunda da operação Sodoma, deflagrada em setembro e cujos réus estão sendo intimados a tomar conhecimento da denúncia neste mês. Ao receber a visita do oficial de justiça Amilson Miguel da Silva, no último dia 14, foi que o coronel Cordeiro, questionado sobre os advogados habilitados para responder por ele, declarou que por causa de problemas financeiros, iria recorrer à ajuda de um defensor público.
“Certifico e dou fé, que em cumprimento ao R. Mandado de Citação e Intimação, no dia 14/11/2016 às 14h45min compareci no batalhão de Operações Especiais/BOPE, nesta capital e ali após as formalidades legais, procedi a Citação e Intimação do Sr.º José de Jesus Nunes Cordeiro, réu, que bem ciente ficou de todo o teor da presente ordem judicial, que lhe li, aceitou a contrafé, que lhe foi oferecida e em seguida exarou sua assinatura no documento. Certifico também que o réu se manifestou verbalmente informando que não manterá a constituição de seu advogado privado e necessitará da tutela do estado em razão de sua atual condição financeira”, diz trecho dos autos.
O pedido de José de Jesus foi protocolado em todas as ações criminais a que ele responde na Sétima Vara Criminal.
Conforme o divulgou no início de abril deste ano, José de Jesus também é alvo de processo administrativo disciplinar (PAD), que pode culminar com a sua demissão. Após quase oito meses da instauração do PAD, ainda não foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), o resultado dos trabalhos da comissão que apura as condutas do coronel.
Por telefone, o telefonou para as assessorias de imprensa da Polícia Militar e da Secretaria de Estado de Gestão, responsável pelo PAD, para acompanhar o andamento da apuração, mas, até o momento, não obteve sucesso por conta do novo expediente vespertino dos servidores do Estado.
“Braço armado”
Apesar de negar com veemência todas as acusações do Ministério Público Estadual (MPE), José de Jesus Nunes Cordeiro nega que tenha feito parte de qualquer tipo de organização criminosa e que tenha recebido ou cobrado qualquer tipo de vantagem indevida para fraudar processos licitatórios da Secretaria de Estado de Administração (SAD), entre os anos de 2011 a 2014.
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Na operação Sodoma, ele chegou a ser acusado pelo empresário Willians Mishcur, dono da Consignum, de ter ameaçado de morte os seus filhos. “Nunca se sabe, às vezes um caminhão passa por cima de seus filhos, acidentes acontecem”, teria dito o militar ao exigir propina mensal de R$ 30 mil de Willians, conforme consta nos depoimentos do empresário (LEIA MAIS).
Por conta de tal declaração, ao decretar a prisão preventiva do coronel, a juíza Selma Rosane Santos Arruda, da Sétima Vara Criminal, o classificou como o “braço armado” do esquema. “É obvio que em uma organização criminosa nem todos os membros agem com truculência: tal tarefa geralmente é delegada a quem tem mais propensão para esse tipo de delito, que no caso era o policial militar e ocupante de cargo de confiança de Silval, José de Jesus Cordeiro”, argumentou a magistrada (LEIA MAIS).