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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

01 de Abril de 2016, 09h:21 - A | A

POLÍCIA / PRESO NO BOPE

Considerado por juíza o 'braço armado da facção de Silval', coronel pode ser expulso da PM

José de Jesus Nunes Cordeiro é apontado como o integrante mais violento da quadrilha. Ele é investigado por participar de dois esquemas de corrupção no governo estadual, o que pode lhe custar o cargo na Polícia Militar.

CELLY SILVA
DA REDAÇÃO



Apontado como o "braço armado" da organização criminosa supostamente liderada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), o coronel da Polícia Militar e ex-secretário adjunto de Administração, José de Jesus Nunes Cordeiro, pode ser demitido do cargo público em breve. Após figurar como réu em duas operações que desmantelaram esquemas de corrupção entre 2010 e 2014,  Cordeiro passou também a ser alvo de um processo administrativo disciplinar instaurado pela Secretaria de Estado de Gestão juntamente com a Controladoria Geral do Estado.

"Um caminhão pode passar por cima de seus filhos. Acidentes acontecem", teria dito Cordeiro a empresário.

O documento assinado pelos secretários Júlio César Modesto dos Santos e Ciro Rodolpho Gonçalves foi publicado no Diário Oficial do Estado que circula nesta quarta-feira (30).

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O coronel é acusado de infringir o Estatuto dos Servidores Públicos do Estado no que tange ao artigo 143 que, dentre outras obrigações, diz que é dever do servidor público exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo, ser leal às instituições a que servir, observar as normas legais e regulamentares e manter conduta compatível com  a da moralidade administrativa.

Além disso, o servidor teria infringido a mesma Lei em seu artigo 144, que proíbe o servidor de valer-se do cargo para obter proveito pessoal ou de outrem e proceder de forma desidiosa, ou seja, negligente.

Segundo depoimento do empresário Williams Mischur, dono da empresa da Consignum, que ainda faz empréstimos consignados a servidores do governo do Estado, o coronel chegou até mesmo a ameaçar os filhos do empresário de morte, caso Williams não 'contribuísse' com a propina. "Um caminhão pode passar por cima de seus filhos. Acidentes acontecem", teria dito Cordeiro. 

Além de Williams, outro empresário admitiu ter sido coagido psicologicamente por Cordeiro ao pagamento de propina. Júlio Minoru Tsujii, dono da WebTech Softwares e Serviços Ltda, depôs à Polícia Civil que sempre que encontrava o coronel pelos corredores da SAD, este lhe dizia que havia outras empresas de olho em seu contrato

José Cordeiro pode ser penalizado com a demissão do cargo público caso sejam confirmados os atos de improbidade administrativa, lesão aos cofres públicos, recebimento de propina, comissão ou vantagem de qualquer espécie em razão da função pública, prática de usura, entre outras proibições elencadas pelo Estatuto.

Uma comissão composta por três servidores foi formada para apurar as supostas irregularidades funcionais do coronel.

Investigado na Seven e Sodoma

José de Jesus Nunes Cordeiro é réu em duas ações criminais que correm na Sétima Vara Criminal de Cuiabá. A primeira trata-se da Operação Seven, desencadeada pelo Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), no dia 1º de fevereiro, quando Cordeiro foi preso sob acusação de participar do esquema de compra ilegal de uma reserva ambiental, em 2014.

Ele teria emitido parecer técnico sobre a área a ser comprada pelo Estado, porém, ficou comprovado que ele não tinha competência para tal, uma vez que não tem formação em agrimensura ou área compatível. Neste caso, ele conseguiu um habeas corpus no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) e passou a responder ao processo em liberdade. 

No entanto, no dia 22 de março, a Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração (Defaz) deflagrou a terceira fase da Operação Sodoma e prendeu o coronel, pela segunda vez, de forma preventiva, no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE). 

Ele foi citado nas declarações do empresário Williams Mischur, dono da Consignum, que o acusou de extorsão por meio de ameaças a sua família. “Um caminhão pode passar por cima de seus filhos, acidentes acontecem”, teria dito o coronel ao empresário.  

Além de Williams, outro empresário admitiu ter sido coagido psicologicamente por Cordeiro ao pagamento de propina. Júlio Minoru Tsujii, dono da WebTech Softwares e Serviços Ltda, depôs à Polícia Civil que sempre que encontrava o coronel pelos corredores da SAD, este lhe dizia que havia outras empresas de olho em seu contrato com o Estado, dando a entender que ele deveria continuar pagando as propinas ao grupo criminoso. Na época, José Cordeiro era secretário-adjunto da SAD e responsável pelas licitações.

Diante das acusações, a juíza Selma Rosane Santos Arruda, da Sétima Vara Criminal, chegou a classificar o coronel como o "braço aramado" da facção, também composta pelos ex-secretários de Estado César Roberto Zílio, Pedro Elias Domingos de Mello, Pedro Jamil Nadaf, Marcel de Cursi; pelo ex-procurador do Estado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, além do ex-chefe de gabinete Sílvio César Corrêa Araújo. Todos supostamente chefiados pelo ex-governador Silval Barbosa, conforme reiterou, por diversas vezes, a juíza Selma Arruda.            

 

Reprodução

PAD coronel cordeiro

  

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