Presença de drogaditos e flanelinhas assusta comerciantes

JUCIARA SANTOS

Essa semana os moradores e frequentadores da Praça Popular viveram momentos de horror. Dois assaltantes invadiram A padaria "Le Croissant" e dispararam contra a PM e um carro, com duas crianças no banco traseiro, estacionado em frente ao estabelecimento. Felizmente foram presos e encaminhados ao presídio do Carumbé. Contudo o clima de insegurança já toma conta do local.

Os sempre presente “flanelinhas”, se amontoam pela região, prometendo tomar conta dos carros que param no local. As filas de veículos se espalham até três quadras distantes dos bares. Além disso, multiplicam-se os estacionamentos clandestinos que chegam a cobrar R$ 15.

Segundo o responsável pelo Bar “Democrata”, Steferson Carlos Lima, muitos clientes reclamam da presença de flanelinhas que achacam motoristas em buscas de alguns trocados na Praça. “Passamos a oferecer um serviço de segurança aos fregueses, acompanhando até o carro”. Ele ainda afirmou que essa situação chega a afastar clientes, prejudicando o estabelecimento.


Ele orienta os frequentadores a deixar seus veículos nos estacionamentos legalizado e pagos. “Além de ser mais rápido, é também mais seguro”, afirma. 

A gerente de outro estabelecimento, que, com medo, preferiu não se identificar, G.B., diz que a partir de certo horário, os usuários de drogas se aproveitam do serviço de alguns flanelinhas antigos e conhecidos da região, para praticar assalto e arrombamento de carros. “Alguns deles entram no bar para pedir dinheiro para as pessoas”, reclama. 

Por isso, os bares precisam investir em cada vez mais em segurança. Por causa do assalto na padaria, agora, em alguns bares há seguranças. “Aquele assalto que aconteceu na padaria foi um susto pra todos nós”, afirmou a gerente.

Muitos clientes afirmam ao RepórterMT que sentem medo de caminhar pelas ruas ao entorno dos bares. “Nunca aconteceu nada conosco, mas temos conhecidos que foram assaltados", diz um casal, que prefere não se identificar.  O casal diz que prefere deixar o carro em um estacionamento privado e pago e aconselha. “Prefiro evitar qualquer problema, então deixo no mesmo lugar, sempre com o mesmo manobrista”. 

E a insegurança não é só pela noite. Aline João de Deus, gerente do Cia dos Espetos, sente medo ao chegar ao restaurante pela manhã por conta dos drigaditos que amanhecem no local. “Eles ficam até de dia por aqui, e só depois que eles vão dormir na praça”, diz. 


   Após consumir álcool e drogas, alguns dormem ao relento (imagem desfocada)
 

Polícia

Todos são unânimes ao dizer que essa situação seria menos grave se houvesse um patrulhamento direto na praça. Os policiais fazem rondas pelo local de tempos em tempos.

Mas segundo a dona de um estabelecimento que funciona dia e noite, M. A., eles pouco fazem pela segurança. “A viatura fica dando voltas, mas nunca vi fazendo nada.”

O 10º Batalhão de Polícia, responsável pela área, informou que depois do assalto ocorrido essa semana na Praça Popular, o patrulhamento é mais focado.

Eles dispõe, de dois policias em motos, uma dupla a pé e três viaturas, contudo, se houver uma ocorrência em outro local, eles precisam sair.

Outro lado

Durante a reportagem os flanelinhas que estavam na região se aproximavam para perguntar que fazíamos no local. De forma hostil pediam para não tirar foto da “área” em que estavam cuidando. Um homem chegou a ameaçar a reportagem para saber sobre o que estava sendo apurado, chegam a ameaçar a tomar nossa câmera. Questionados sobre o 'trabalho" nenhum deles quis falar sobre o assunto. 


Consultório de Rua
 

A prefeitura de Cuiabá lançou no dia 18 de novembro de 2011 o projeto “Consultório de Rua”.  As ações do projeto são realizadas dentro de uma Van, onde é oferecido atendimento especializado a usuários de drogas, que vivem em situação de vulnerabilidade social. Essa é uma parceria do município com o programa “Valorizando Vidas no Seu Bairro”, idealizado pela primeira-dama, Norma Sueli Galindo. Cuiabá foi a primeira capital do Centro Oeste a implantar este projeto do governo federal, mas pouco se vê de efetividade no serviço. Na Praça em questão, segundo comerciantes e frequentadores, a tal Van nunca apareceu. 

      Flanelinha chega a ameaçar a reportagem                                   
Conforme o Ministério de Saúde, o “Consultório de Rua” é um dispositivo público do Sistema Único de Saúde (SUS) direcionado à rede de atenção integral em álcool e outras drogas.

O objetivo é implementar ações de promoção, prevenção e cuidados primários às pessoas que vivem nas ruas. Bem como, oferecer acesso a tratamento de qualidade aos usuários de substâncias psicoativas. A prioridade é atender crianças e adolescentes em situação de risco social.
 

No sábado à noite, o RepórterMT voltou ao local e nem a tal van da prefeitura nem muito menos qualquer tipo de serviço social foi visto nas imediações. Nossa reportagem chegou a ser ameçada por um flanelinha que, visivelmente alterado, dizia: "Vou processar vocês se tirarem foto minha, eu sou protegido", gritava. Depois, xingou o jornalista de almofadinha e voltou a interceptar clientes na rua para olhar seus carros. Na foto acima, desfocamos o rosto.


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