Tiago Mali
UOL
O Brasil tem 53,5 mil funcionários públicos recebendo remuneração acima do teto constitucional, a um custo de R$ 20 bilhões anuais.
Com isso, lidera um ranking de pagamento de supersalários de 11 nações, incluindo Estados Unidos, Alemanha, México e França.
A informação é de uma comparação internacional encomendada pelo Movimento Pessoas à Frente e República.org ao pesquisador Sergio Guedes-Reis, da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD).
Os brasileiros que recebem supersalários representam 1,34% dos funcionários analisados (incluindo aposentados). O país mais próximo do Brasil na comparação é a Argentina, com 27 mil funcionários nessa condição (0,8% do total).
A situação dos supersalários brasileiros na comparação internacional é considerada extrema e sem paralelos, segundo o estudo.
Supersalários são todas as remunerações que, somadas, ultrapassam o teto constitucional. No Brasil, o teto é hoje fixado em R$ 46.366,19 mensais.
Em outros países, é usado o limite legal máximo ou o salário do presidente como referência.
A maior parte dos supersalários no Brasil é paga a magistrados (21 mil) ou membros do Ministério Público (10,3 mil).
O levantamento estima que o gasto com remunerações acima do teto entre agosto de 2024 e julho de 2025 foi de R$ 20 bilhões. Pouco mais da metade desse gasto se deve aos supersalários de juízes.
"Em qualquer país, há uma estrutura que garante o cumprimento legal para coibir supersalários, que inclui o Judiciário e os Tribunais de Contas. No Brasil, existe uma especificidade: os atores que deveriam ser os responsáveis pelo cumprimento da regra, juízes e membros do Ministério Público, são os agentes desse descumprimento", afirma Sérgio Guedes-Reis, autor do estudo.
O Brasil é o país que dá aos juízes a posição relativa mais alta aos juízes entre as 11 nações analisadas. Um magistrado em início de carreira já está nos 2% mais ricos da população.Leia mais em UOL.

























