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Cuiabá, 17 de Maio de 2025
17 de Maio de 2025

18 de Setembro de 2012, 08h:56 - A | A

POLÍTICA / PERFIL ELEITORAL

“Lúdio tem a linha de bom moço e o Mauro de patrão”, diz analista

João Edisom acredita que pleito será levado ao segundo turno por subsequentes erros estratégicos de Mauro Mendes

ANA ADÉLIA JÁCOMO



A apenas 20 dias das eleições, o analista político João Edisom acredita que a eleição majoritária de Cuiabá deve ser decidida apenas no segundo turno. Em sua avaliação, Mauro Mendes (PSB) e os demais candidatos não têm projetos para a cidade. Para ele, a queda vertiginosa que Mendes marcou nas pesquisas de opinião já era esperada, e se deve ao fato de o candidato ter um discurso exageradamente repetitivo e uma expressão altiva, que desagradaria o eleitor.


No início do pleito, Mendes era líder absoluto nas pesquisas, com 48% das intenções de voto. Na última semana, no entanto, o instituto Ibope divulgou que ele está com 38%, enquanto o petista Lúdio Cabral saltou de 14% para 29%. Com esses dados, é praticamente certo que a disputa será levada ao segundo turno.


“O Lúdio Cabral também não apresentou nada de novo. O problema é que o discurso do Mauro é repetitivo demais. Ele parece arrogante, franze a testa ao falar, ou seja, a imagem dele é pesada no vídeo. Essa eleição tem tudo para ir ao segundo turno e será perigoso para o Mauro, porque se ele perder se ‘enterra’ politicamente, já que terá perdido três eleições seguidas”. Mendes disputou à prefeitura em 2008, ao Governo em 2010 e volta à disputa este ano.


Na análise do especialista, a imagem transmitida pelo candidato do PT é oposta do Mauro. “O Lúdio está fazendo o que é possível. Ele definiu uma linha de ‘bom moço’ e o Mauro de ‘patrão’, então ‘bater’ no Lúdio não está ‘colando’ por isso. O Mauro precisa trabalhar essa imagem dele, esse jeito de falar e olhar, que transmite arrogância e prepotência”.


Ele ainda afirmou que Mendes errou na estratégia ao tentar vincular Lúdio à bandeira defendida pela juventude do PT, que prega a legalização do aborto e a descriminalização da maconha.


Para o especialista, o tema é interessante e poderia prejudicar a campanha petista, no entanto, não foi trabalhado de maneira correta e acabou prejudicando o desemprenho do socialista. “O PT é um conjunto de partidos. Não existe uma pessoa dentro do PT que concorde com todas as bandeiras da legenda. No debate, o Mauro foi um ‘pano de fundo’ e ficou ruim para ele esse tema. O Lúdio acabou se sobressaindo”.


João Edisom referiu-se ao debate que ocorreu na última sexta-feira (14), na TV Gazeta, em Cuiabá, onde participaram os cinco candidatos a prefeito da Capital, o Mauro, Lúdio, Guilherme Maluf (PSDB), Carlos Brito (PSD) e Procurador Mauro (PSOL). O único que não participou foi Adolfo Grassi (PPL), pois seu partido não tem representatividade no Congresso Nacional, em Brasília.


Ele disse que o encontro ficou polarizado em temas pouco relevantes à sociedade, como por exemplo, a atuação do coordenador de campanha do petista, o ex-secretário da Secopa Eder Moraes (PR). Eder foi duramente atacado por Brito e Mauro e para o analista, o debate foi “pobre” de propostas e “rico” em ataques a Lúdio.


“Se somente o Mauro tivesse ‘ido para cima’ do Lúdio com essa história do aborto e das drogas, seria complicado se explicar. Mas teve muito candidato ‘batendo’, muita gente falando e isso acabou vitimizando o Lúdio. Fora que ele tem aquela cara de bom moço, fala pausadamente, não demonstra nervosismo. Tudo isso fez com que ele se saísse melhor no debate, mas não houve vencedores. O debate foi ruim. Se fosse dizer um nome que se saiu melhor, eu diria Procurador Mauro”.


O candidato do PSOL foi um dos mais contundentes durante o encontro. Sem papas na língua, ele fez perguntas incisivas aos adversários e conseguia, por várias vezes, desestabilizar os oponentes. Um dos pontos mais altos foi quando questionou a aliança entre Mendes e o senador Blairo Maggi (PR). O procurador relembrou que no último pleito, os dois eram adversários políticos, e que Mendes acusou o ex-governador de fazer parte do esquema dos Maquinários.


Outro ponto citado por ele, é a denúncia feita esta semana por Mendes, de que a campanha do petista tem indícios de caixa dois. Para João Edisom, o tema é bom, mas perigoso. “Denúncia de caixa dois em campanha é bom, mas quando você diz várias coisas ao mesmo tempo, acaba perdendo a credibilidade. O tema do aborto e das drogas é mais pesado, mas, repito, se ficar trocando de acusação vai vitimizar o Lúdio”.


Censura


Entre os erros estratégicos de Mendes, João Edisom afirmou que o mais perigoso foi o fato de censurar a imprensa local. O candidato entrou com uma ação judicial e conseguiu retirar do ar matérias jornalísticas dos sites MidiaNews e 24HorasNews. O jornal Folha do Estado também está sendo processado.


A atitude de Mendes causou uma espécie de comoção nas entidades de classe, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que classificou o ato como “arrogante”. “O Mauro errou mais uma vez ao censurar a imprensa e o pior, arrumou confusão com um monte de gente e massificou a imagem de arrogante e autoritário”, disse João Edisom.


A ação de Mendes foi motivada por entrevistas do ex-secretário Eder Moraes, que disse, entre outras, que “Mendes não é um bom moço, mas um excelente ator” e que o senador Blairo Maggi (PR) “está triste e constrangido por apoiá-lo”.

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