ABDALLA ZAROUR
ANDRÉ MICHELLS
A morte do jovem Ademar Silva de Oliveira, de 19 anos, nessa terça-feira (7) levantou uma questão intrigante: a Polícia Militar de Mato Grosso sabe fazer uma abordagem?
Oliveira tinha problemas neurológicos e era surdo de um ouvido. Ele não tinha passagens pela Polícia e muito menos era um criminoso.
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O jovem foi morto com um tiro na região do tórax. A abordagem policial, que terminou de forma trágica, aconteceu por volta das 17h na lateral da Avenida da República do Líbano, no bairro Bordas da Chapada.
Em entrevista a repórter Andressa Boa Sorte, da TV Centro América, o 2º Tenente da PM, Ronaldo Reiners, que esteve no local, falou sobre a abordagem. A declaração do oficial é um tanto desastrada, só não é pior que a abordagem, porque o resultado foi a morte de uma pessoa considerada inocente. “Quando não temos condições de nos afastarmos, para poder imprimir, verbalizar ou o uso de uma outra força, a gente tem que efetuar o disparo, porque até mesmo a guarnição corre risco, né?”.
Perguntado se o disparo deveria ser no tórax, região considerada letal, ou se deveria ser em outro lugar, o oficial dá a seguinte versão sem o menor sentido: “O disparo é na região do corpo, até mesmo pelo calor da situação, não há como você determinar onde vai ser o disparo”, comentou.
O pai da vítima, transtornado com a situação acredita que, se os policias tivessem Pmelhor preparo, teriam feito o disparo em uma parte do corpo onde não haveria risco de morte do filho.
O CASO
O incidente aconteceu porque uma denúncia feita ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) relatava que um homem armado de faca ameaçava as pessoas da região. Uma guarnição com três policiais militares foi deslocada para averiguar a situação.
Ao chegar ao local, se depararam com o possível ‘suspeito’, já que as descrições batiam. O homem narrado pelo Ciosp era Ademar Silva de Oliveira.
Os policiais deram ordem para a vítima parar, mas como o jovem era surdo, o comando não foi atendido e ele continuou andando. Assim que os policiais se aproximaram, o deficiente levantou a camiseta e os PMs viram um facão. Foi quando um policial atirou.
O delegado Geraldo Gezoni Filho responsável pelas investigações não comentou se houve excesso dos policiais e disse que também não deve autuar o PM em flagrante pela morte de Ademar.
A PM vai abrir uma sindicância para investigar a atuação do policial que efetuou o disparo.
O pai da vítima, Ademar Oliveira, pequeno produtor rural, ficou em estado de choque e disse que vai entrar na Justiça contra a Polícia Militar. “Não precisava atirar, meu filho não fez nada. Isso é um absurdo. Ele tomava quatro remédios por dia. Meu filho nasceu assim”, declarou.
Veja a reportagem veiculada na TV Centro América nesta quarta-feira: