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Cuiabá, 03 de Agosto de 2025
03 de Agosto de 2025

03 de Agosto de 2025, 12h:45 - A | A

PODERES / IDEOLOGIA DE GÊNERO

MPF defende professora de linguagem neutra e Abilio rebate com carta magna: "Todos sao iguais perante a Lei"

Maria Inês da Silva Barbosa usou a palavra "todes" na 15ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá.

VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT



O Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF-MT) emitiu uma nota pública repudiando a retirada da professora Maria Inês da Silva Barbosa da 15ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá, determinada pelo prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), após ela ter usado a palavra "todes", em linguagem neutra, para cumprimentar os presentes no evento. O episódio aconteceu na última quarta-feira (30).

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Em resposta, Abílio divulgou uma carta rebatendo a nota do MPF, defendendo que sua decisão de repreender a professora foi baseada na Constituição Federal, que diz, em seu artigo 5º, que todos são iguais perante a lei. O prefeito defendeu também a norma culta da língua portuguesa, que reconhece a palavra “todos” como universal e igualitária.

Compreendo o posicionamento político do MPF, contudo é importante ressaltar algumas coisas. TODOS é a palavra reconhecida pela língua portuguesa como universal e igualitária. ‘Todes’, além de não existir em nenhum dicionário oficial da língua portuguesa, não ser reconhecida oficialmente pela nossa língua oficial, é excludente às pessoas com deficiência, em especial as pessoas surdas e os que possuem dislexia”, argumentou o prefeito.

“‘Todes’ não existe. ‘Todos’ é a palavra certa, de acesso universal e igualitário diante da Constituição Federal, que, em seu artigo 5º, tem como princípio geral: TODOS são iguais perante a lei”, completou.

Abílio ainda destacou que a própria professora, em entrevista posterior ao episódio, classificou sua manifestação como “ato político e de militância”, o que, segundo ele, é incompatível com o objetivo técnico da conferência pública sobre saúde.

Não é razoável que uma entidade séria como o Ministério Público Federal, com brilhantes promotores, defenda, sem plausível justificativa, a distorção da língua portuguesa, a militância política na discussão da saúde pública e a exclusão das pessoas com dislexia na universalidade do acesso à saúde”, afirmou.

Na nota, o MPF/MT disse que a retirada da professora do evento, determinada por Abílio, representa um “ataque à democracia” e que a palavra "todes" usada por Maria Inês tem fundamento constitucional no princípio de acesso universal e igualitário à saúde pública.

A conduta do chefe do Executivo municipal de Cuiabá, ao calar uma mulher negra, pesquisadora e ativista, em um espaço de construção coletiva, é um ataque à democracia e aos princípios que regem a sociedade brasileira”, diz trecho da nota do MPF.

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