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Cuiabá, 22 de Outubro de 2025
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22 de Outubro de 2025

22 de Outubro de 2025, 05h:30 - A | A

POLÍCIA / OPERAÇÃO CÓDIGO SEGURO

Líder de esquema lucrou R$ 6 milhões com fraudes após invadir sistema da polícia em Mato Grosso

O hacker criou um robô para acessar informações sensíveis, como chassis de veículos furtados e roubados

VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT



Um bandido de 23 anos, identificado como Danilo Dias, conhecido como “Ganso”, e com diversas habilidades em tecnologia foi apontado como líder do grupo criminoso dedicado à obtenção e comercialização de dados sensíveis para cometer fraudes e outros crimes pela internet e fazer vítimas em todo o país. Ele foi alvo de um mandado de prisão no âmbito da Operação Código Seguro, deflagrada na manhã de hoje (21), pela Polícia Civil de Mato Grosso.

Ganso é morador de São Paulo, estudou apenas o ensino fundamental, mas é autodidata e apreendeu sobre tecnologia através de tutoriais na internet. Ele criou um robô e invadiu o sistema da Polícia Civil de Mato Grosso para obter dados como chassis, número identificador de veículos. Para praticar a invasão, ele utilizou a senha de acesso de servidores públicos. No sistema, ele pegava os chassis de carros furtados ou roubados, os remarcava, emitia documentos falsos e revendia os veículos.

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As fraudes geraram um lucro aproximado de R$6 milhões. 

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De acordo com o delegado Gustavo Godoy Alevado, que deu início à investigação, o esquema foi revelado em 2023, após o sistema de tecnologia da informação da Polícia Civil identificar acessos anormais de um mesmo usuário.

“Essa investigação começou em 2023. Foi detectado pelo nosso sistema de tecnologia da informação uma tentativa de acessos anormais, ou seja, o mesmo usuário estaria tentando fazer milhares de consultas diferentes e é humanamente impossível que uma pessoa consiga fazer 3 mil consultas no mesmo dia. Então o próprio sistema conseguiu identificar e, nesse primeiro momento já bloqueou esse acesso”, explicou o delegado.

À imprensa, Gustavo Godoy deixou claro que o acesso ao sistema da Polícia Civil não foi feito por meio de um ataque hacker, uma vez que se trata de um sistema seguro. A invasão ocorreu, pois, criminosos conseguiram usuários e senhas de servidores que não tiveram a devida cautela ao guardar os dados sigilosos de acesso.

De acordo com o delegado, “Ganso” criou um site, que funcionava como uma espécie de robô e usava o usuário e senha dos servidores para entrar no sistema da Polícia Civil e pegar os chassis. Após ser identificado, foi deflagrada a primeira fase da Operação Código Seguro, em julho de 2024, e o bandido foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Durante o cumprimento do mandado, ele acabou confessando o crime. À polícia, “Ganso” contou que teria sido contratado por uma pessoa de São Paulo capital para criar o site fraudulento.

Os celulares e computadores de “Ganso” foram apreendidos e, na segunda fase da operação, em novembro de 2024, a Polícia Civil conseguiu chegar à pessoa que teria contratado os serviços dele. Essa pessoa também foi alvo de um mandado de busca e apreensão e teve os aparelhos eletrônicos apreendidos.

A partir de então, os investigadores descobriram um esquema fraudulento robusto, que funciona em diversas localidades do país e que não parou de atuar após ter sido deflagrada as primeiras fases da Operação Código Seguro. O bando chegou a usar usuário e senha de um servidor do Departamento de Trânsito (Detran) do Paraná para viabilizar as consultas de chassis.

Além das fraudes com veículos, o grupo criminoso pratica fraudes bancárias, estelionato e furtos qualificados contra empresas brasileiras e estrangeiras. O dinheiro angariado com as práticas criminosas é lavado através de diversas técnicas.

Ganso já está preso a cerca de um mês, no Paraná, pois estava usando cartões falsos em uma boate. Mesmo assim, foi submetido a um novo mandado de prisão. 

Ao todo, 48 ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Justiça do Juiz de Garantias de Cuiabá com base em investigações conduzidas pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI).

Dentre as ordens judiciais estão sete mandados de prisão, 15 de busca e apreensão, 15 de afastamento telemático, três retiradas de sites do ar, sete retiradas de canais do Telegram, uma retirada de grupo de WhatsApp e sequestro de valores no valor de mais de R$ 5,9 milhões.

Os mandados são cumpridos em São Paulo (SP), Francisco Alves (PR), Fortaleza (CE), Riachão (MA), Cabo Frio (RJ), Jaraguá do Sul (SC), Lauro de Freitas e Apuarema (BA), Manaus (AM), Coronel Murta (MG).

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