VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT
A Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) revelou que Sebastião Lauze Queiroz de Amorim, vulgo “Véio”, “Dandão”, “Vovô” ou “Dono da Quebrada”, estava planejando atacar agentes da segurança pública para vingar a morte do irmão dele, João Bosco Queiroz de Amorim. João Bosco morreu em confronto com a Polícia Civil durante o cumprimento de um mandado de prisão preventiva, expedido no âmbito da Operação Ludus Sordidus, deflagrada no dia 21 de agosto, para investigar uma facção criminosa envolvida em jogos de azar, tráfico de drogas, estelionato e lavagem de dinheiro.
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Na última sexta-feira (17), Sebastião Lauze teve um pedido de prisão domiciliar negado pelo TJ. Na decisão, o desembargador Marcos Machado sustentou que a manutenção da prisão preventiva do réu “está fundamentada na garantia da ordem pública, consubstanciada em indicativos de envolvimento do paciente em organização criminosa ligada à facção voltada à exploração ilegal de jogos de apostas, lavagem de capitais, tráfico de drogas e associação para o tráfico, bem como no planejamento de ataques contra bases policiais e membros das forças de segurança pública do Estado de Mato Grosso, após a morte de seu irmão [João Bosco Queiroz Amorim], durante o cumprimento de mandado de prisão preventiva decorrente da operação “Ludus Sordidus, no dia 21.8.2025”.
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Sebastião é dono de um time de futebol amador em Cuiabá e, de acordo com as investigações da Polícia Civil, ele utilizava a função social como fachada para movimentar os esquemas criminosos. Ele foi preso preventivamente no dia 21 de agosto, mas, no dia seguinte, o juiz Moacir Rogério Tortato, do Núcleo de Justiça 4.0, concedeu a ele prisão domiciliar mediante o uso de tornozeleira eletrônica, devido a problemas graves de saúde e a necessidade de acompanhamento médico. Além disso, ele foi autorizado a comparecer no velório e no enterro de João Bosco.
No entanto, de acordo com um relatório policial, há fortes indícios de que Sebastião, enquanto estava em prisão domiciliar, continuou praticando crimes e planejando represálias contra a polícia.
Uma denúncia anônima chegou a informar que membros da facção criminosa teriam organizado uma reunião no bairro Osmar Cabral, em Cuiabá, para planejar a vingança da morte de João Bosco. Ainda conforme a denúncia, a ideia do bando era recrutar menores de idade para o plano criminoso. Além disso, a facção teria autorizado que a ofensiva atingisse bases policiais e membros das forças de segurança pública.
Outra denúncia registrada em setembro informou que uma advogada vinculada à facção foi até o Rio de Janeiro para tratar com um dos chefes da organização sobre as retaliações contra a polícia, em razão da morte de João Bosco.
Além das denúncias, um relatório da equipe de inteligência da Polícia Civil trouxe à tona publicações feitas nas redes sociais pelo filho de Sebastião, que incitava sentimento de ódio contra as forças policiais.
Outras publicações que circulam nas redes mostram a foto de João Bosco acompanhada da frase “Será cobrado à altura, a quebrada tá de luto, mas a irmandade é para todo sempre”.
Fortalecendo ainda mais os indícios de uma possível vingança, um dos membros da facção chegou a ser preso em flagrante, filmando agentes policiais em serviço.
As informações obtidas durante a investigação policial foram usadas como base na decisão que determinou uma nova prisão preventiva em desfavor de Sebastião Lauze, no dia 8 de setembro, uma vez que a juíza Fernanda Mayumi Kobayashi, do Núcleo de Justiça 4.0, concluiu que o réu seguiu exercendo influência hierárquica no grupo criminoso, utilizando-se da condição de prisão domiciliar.
“A revogação da decisão que substituiu a prisão preventiva pela domiciliar e o restabelecimento da medida mais extrema é medida que se impõe, sob o fundamento de existir indícios de que o investigado tem se utilizado da benesse para promover uma possível retaliação em desfavor das forças de segurança do Estado de Mato Grosso”, destacou a magistrada.