DA REDAÇÃO
A Operação Cracolândia, deflagrada pela Polícia Judiciária Civil na manhã desta quarta-feira (14), resultou na prisão de 35 pessoas envolvidas no tráfico doméstico de drogas e no fechamento de mais de 30 "bocas de fumo" instaladas em dois bairros de Cuiabá.
A ação polcial foi desencadeada pela Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Judiciária Civil, seguindo diretrizes da Secretaria de Estado de Segurança Pública.
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O trabalho teve como o foco principal os bairros Alvorada e Araés, regiões com conhecidos pontos redutos de comércio de entorpecentes, na Capital.
Nos dois bairros foram cumpridos mais da metade dos 31 mandados de prisão preventiva e 38 buscas e apreensão, totalizando 69 ordens judiciais decretadas pela 9ª Vara Criminal de Cuiabá.
Entre as pessoas com mandados de prisão cumpridos, oito detentos da Penitenciária Central de Cuiabá (PCE) assinaram a notificação de prisão dentro da unidade. Também foram lavrados sete autos de prisão em flagrante contra os traficantes investigados e flagrados com drogas, armas e dinheiro ilícito.
Nas buscas efetuadas por 200 policiais civis, divididos em equipes, foram apreendidos mais de R$ 30 mil em dinheiro, 4 armas de fogo (1 revólver, 2 pistolas e 1 carabina), munições diversas, 5 veículos (4 carros e 1 moto), 6 quilos de pasta base e mais 100 porções de drogas, entre maconha e pasta base, 22 relógios femininos, além de vários celulares, apetrechos diversos como rolo de plástico filme, cachimbos, entre outros.
Um traficante foi encontrado na cidade de Cáceres, durante o velório de um familiar. O suspeito é Júlio César, conhecido por "Cesinha", que tem passagens por roubo e tráfico de drogas e é morador do bairro Santa Isabel, em Cuiabá. Ele atuava como fornecedor de drogas para usuários e traficantes dos bairros Alvorada e Araés.
Outro preso da operação é Genésio Eufrásio, conhecido ladrão de caixa eletrônico, que já foi preso mais de quatro vezes pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), por roubo de caixas eletrônicos, defensivos agrícolas, e investigado em roubo de cargas.
Em 2013, o criminoso foi preso no Amapá, por arrombamento de um caixa eletrônico, no município de Santana do Amapá, de onde sua quadrilha teria levado R$ 168 mil em dinheiro.
Segundo as investigações, Genésio teria migrado sua atividade criminosa para o tráfico de drogas. Em sua casa, no bairro Nova Era, em Várzea Grande, os policiais apreenderam 22 relógios, R$ 15.600, dois veículos (Civic e Pálio),1 carabina, 1 pistola, 159 munições, sete celulares e cadernos de anotações do tráfico.
O delegado titular da DRE, Juliano Silva de Carvalho, informou que entre os presos estão oito moradores de rua, que promoviam o tráfico “formiguinha” – comércio de pequena quantidade de droga -, para manter o vício.
“Todo o valor adquirido, por conta da dependência, compram em drogas para eles mesmos usarem. Por mais que haja essa dependência não deixa de estar cometendo o crime de tráfico de drogas. Portanto, essas pessoas moradoras de rua foram presas”, disse.
O delegado também ressaltou o trabalho de investigação desenvolvido pelos policiais nos levantamentos, identificação e qualificação dos traficantes que atuavam na região conhecida por “cracolândia”, próxima à rodoviária de Cuiabá, abastecendo bocas de fumo e mantendo o circulo vicioso de dependentes químicos.
“Qualificamos essas pessoas como traficantes domésticos. Embora tenha o fornecedor, mas o tráfico que movimenta é o tráfico 'formiguinha', de 10, 20 petecas dia, ou a cada três dias. Hoje conseguimos deflagrar essa operação e prender de forma direta, com prisão preventiva, 31 traficantes, que trabalham naquela região e mantém bocas de fumo na localidade, abastecendo o fazendo a venda direta para os usuários.
O secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Jarbas, destacou a importância do trabalho de repressão ao tráfico de drogas, que reflete em outros crimes correlatos como o homicídio, o roubo e o latrocínio.
"Ação qualificada da Delegacia de Repressão a Entorpecentes é extremamente importante, porque não combate apenas o tráfico de drogas, mas também essa repressão proporciona efeitos em todos os delitos correlatos como os homicídios, roubos e latrocínios, que tanto afeta a população de todo o Estado. É uma ação importante dentro do sistema de Segurança Pública para que tenhamos um final de ano mais tranquilo e a população possa se sentir mais segura", afirmou.
Investigações
Durante seis meses de investigações, policiais da DRE realizaram monitoramento dos pontos e identificaram mais de 30 bocas de fumo em funcionamento, nas imediações dos dois bairros.
“Constatamos que era uma movimentação grande nas ruas e residências da região. Iniciamos o trabalho com diligências de campo, levantamentos, vigilâncias. Foram dias de acompanhamentos dos nossos investigadores, concomitante com o trabalho núcleo de inteligência da Delegacia”, explicou o delegado da DRE, Ferdinando Frederico Murta.
A apuração para identificação de traficantes e fornecedores de drogas iniciou com denúncias da população encaminhadas à Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e ao Ministério Público Estadual (MPE), referente ao fluxo constante de tráfico nos dois bairros.
Participaram da operação mais de 200 policiais civis (delegado, investigadores e escrivães) das delegacias da Diretoria de Atividades Especiais, Diretoria Metropolitana e Diretoria do Interior.