GUSTAVO CASTRO
DO REPÓRTERMT
Lucas França Rodrigues, de 22 anos, que matou a esposa, Ana Paula Abreu Carneiro de Oliveira, de 33 anos, com pelo menos 20 facadas em Sinop (503 km de Cuiabá), afirmou em interrogatório que pretendia tirar a própria vida logo após o assassinato. O criminoso relatou que chegou a colocar a faca no pescoço e ingerir um coquetel de medicamentos, mas acabou desistindo.
Além disso, ele disse aos policiais que horas depois do crime tirou fotos da esposa já sem vida e enviou para familiares, o que levou a denúncia à Polícia Militar e sua prisão em flagrante.
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No depoimento, Lucas ainda contou que o assassinato foi motivado por uma discussão no dia anterior, quando a vítima teria discordado de sua dedicação ao estudo da “escatologia”, doutrina religiosa ligada ao “fim dos tempos”. O feminicida afirmou que a insistência dele no tema incomodava Ana Paula e que esse teria sido o estopim para a violência.
"Ele ainda declarou em interrogatório que a ideia dele era se matar depois, que ele chegou até a colocar a faca no pescoço e tomar um coquetel depois da prática do crime. Depois de várias horas, ele tirou fotos da vítima já sem vida e encaminhou para os familiares, quando então tomou conhecimento da prática do crime", disse a delegada Renata Evangelista, durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (25).
Ele também reconheceu que a brutalidade do crime poderia ter levado vizinhos a ouvir os gritos de Ana Paula, caso houvesse alguém em casa no momento. Segundo ele, a vítima certamente imploraria por socorro, mas como as residências próximas estavam vazias, o ataque terminou sem que ninguém percebesse.
"Que ele deu sorte nesse sentido, de as casas estarem vazias, porque um crime brutal como esse de mais de 20 facadas, o certo é que ela gritasse, implorasse por socorro”, relatou.
Durante a coletiva, a delegada também destacou a versão dada por Lucas sobre o aspecto religioso.
“A fala dele é de que ele está estudando escatologia. Indaguei a ele o que seria isso e ele disse que é uma doutrina que estuda o fim dos tempos. E que no dia anterior ele tinha tido uma discussão com a então esposa por conta dela ser contra ele ser tão envolvido com esse tipo de doutrina”, explicou.
Esquizofrenia
O pai de Lucas compareceu à delegacia e entregou um laudo atestando que o filho teria esquizofrenia e já teria passado por clínica psiquiátrica em anos anteriores. A polícia, porém, ainda vai investigar a procedência dessas informações.
“Isso tudo precisa ser averiguado. Não foram trazidos documentos, apenas laudos com relação a isso”, frisou a delegada.
Lucas teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e segue detido.
O crime
Lucas França foi preso em flagrante após matar Ana Paula Abreu com cerca de 20 facadas, que atingiram pescoço, tronco, abdômen e pernas. O casal é natural de Brasília e morava em Sinop a pouco tempo.
A casa onde os dois estavam morando ficava localizada no Setor Comercial do município, era alugada e o aluguel, que custa R$ 3,5 mil, era pago por Ana Paula, que era fonoaudióloga.
Nas redes sociais, a vítima postava declarações de amor para o assassino. A última delas, inclusive, foi feita há quatro dias antes de ser morta.
Já Lucas França, usava as redes sociais para compartilhar mensagens religiosas.
Após assassinar Ana Paula, o feminicida enviou fotos da vítima, já sem vida, para a irmã dela e também para o irmão dele, confessando o crime.
Com isso, os dois, que moram em Brasília, acionaram a Polícia Militar de Sinop, que realizou a prisão em flagrante do assassino.
Quando os militares chegaram na casa, Lucas estava em estado de surto, reagiu à prisão, enfrentou os policiai e precisou ser contido com um dispositivo de choque.
