FERNANDA ESCOUTO
DO REPÓRTERMT
O assessor do vereador Ary Campos (PT), de Rondonópolis (218 km de Cuiabá), identificado como João Paulo Lopes da Cruz, foi preso durante a Operação Eclipse, deflagrada pela Polícia Civil, nesta terça-feira (30).
Ele é acusado de integrar uma facção que lavava dinheiro do tráfico de drogas, por meio de empréstimos ilegais com juros abusivos. O bando era atuante na cidade de Água Boa, com ramificações em Rondonópolis e Barra do Garças.
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Conforme a Polícia Civil, o grupo criminoso utilizava-se de uma fachada denominada “Vale Crédito”, para mascarar a prática de agiotagem e lavagem de dinheiro, por meio de ofertas de empréstimos aos comerciantes locais. A modalidade dificultava o rastreamento do dinheiro do tráfico.
As investigações comprovaram que a atividade não possuía registro formal, sendo totalmente clandestina e coordenada por integrantes da facção, com divisão de funções e atuação estruturada em diversas cidades do Estado.
“Essa investigação busca ir no eixo central que mantém esses grupos criminosos, que é a parte financeira. Nossa investigação apurou que uma parte do grupo agia como factoring, emprestando dinheiro nas praças, inclusive para comerciantes dos municípios alvos da operação”, explicou o delegado responsável pela operação, Bruno Gomes.
Na ação, foram cumpridas 18 ordens judiciais, expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo) de Cuiabá e cumpridas nas cidades de Água Boa, Barra do Garças e Rondonópolis. Desse total, 14 foram mandados, sendo sete de busca e apreensão e sete de prisão preventiva. As outras quatro corresponderam a medidas cautelares, sendo dois bloqueios de contas bancárias e dois sequestros de bens.
Ligações perigosas
A prisão de João Paulo ocorre quatro meses depois do vereador Ary Campos, seu chefe, ter o mandato cassado por abuso de poder econômico e compra de votos com auxílio de uma facção.
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Conforme denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE), Ary recebeu apoio da facção nas eleições de outubro de 2024. A facção em questão teria coagido presos da Penitenciária da Mata Grande para angariar votos para o petista, inclusive fornecendo dados de eleitores e pressionando-os a votar no candidato. Cada presidiário foi forçado a conseguir quatro eleitores para o então candidato, sob ameaça de punição severa.
Ary conseguiu reverter a decisão em junho, quando o juiz eleitoral Raphael de Freitas Arantes suspendeu a cassação do parlamentar.
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Em nota à imprensa, sobre o caso envolvendo o seu assessor, Ary afirmou que que não tem conhecimento das “ações do quadro de assessores fora do âmbito parlamentar”.
Veja a nota na íntegra:
Em resposta à informação da prisão de um de seus assessores, o vereador Dr. Ary Campos afirma que não tem conhecimento das ações do seu quadro de assessores fora do âmbito parlamentar.
Ele afirma também que seu quadro de funcionários está dentro da legalidade das contratações.
O parlamentar não possui vínculo pessoal com seus assessores e não tem conhecimento das atividades que cada um exerce em sua vida particular. O gabinete enfatiza que a contratação de todos os assessores segue um rigoroso processo que exige a apresentação de toda a documentação necessária, incluindo antecedentes criminais e certidões negativas, e, que no momento da contratação, o assessor detido, assim como todos os demais, cumpriu a exigência de apresentar uma ficha criminal sem nenhuma pendência ou passagem pela polícia.
O vereador não tem conhecimento dos fatos que envolvem seus assessores além da porta do gabinete e reforça que a responsabilidade sobre as ações individuais dos funcionários fora do ambiente de trabalho é pessoal e não se estende ao mandato parlamentar.
Assessoria de comunicação Gabinete vereador Dr. Ary Campos
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