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Cuiabá, 22 de Junho de 2025
22 de Junho de 2025

12 de Dezembro de 2019, 19h:05 - A | A

PODERES / ESCÂNDALOS DOS GRAMPOS

Siqueira afirma ter sido ameaçado por ex-comandante-geral da PM

Airton Siqueira disse que foi procurado quatro vezes por pessoal ligadas a Zaqueu logo após ter sido solto por decisão do STJ.

RAFAEL MACHADO
DA REDAÇÃO



O ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos, coronel Airton Siqueira, disse durante depoimento à força-tarefa da Polícia Civil que teria sido intimidado pelo ex-comandante da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, em uma mensagem apresentada pelo advogado dele, ao pedir ajuda.

O Bom Dia Mato Grosso, da TV Centro América, divulgou, nesta quinta-feira (12), trechos do depoimento do militar as delegadas Ana Cristina Feldner e Jannira Laranjeira, que apuram o esquema de interceptações telefônicas ilegais que ficou conhecido como “Grampolândia Pantaneira”.

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Siqueira disse que foi procurado quatro vezes por pessoas ligadas a Zaqueu, após ter sido solto na Operação Esdras. À época, ele estava com medidas restritivas, sendo que uma delas o proibia de aproximar de outros investigados.

“Para mim foi um susto muito grande porque eu tinha essa restrição. ‘Desculpa, vim aqui a pedido do coronel Zaqueu’. Queria saber como que o pessoal saiu, os processos todos subiram e todo mundo foi solto e ele continuou preso”, disse.

O primeiro contato, segundo ele, teria ocorrido por um major da Polícia Militar que foi até sua casa questionar a movimentação da ação dos grampos e a soltura de alguns dos investigados.

“Para mim foi um susto muito grande porque eu tinha essa restrição. ‘Desculpa, vim aqui a pedido do coronel Zaqueu’. Queria saber como que o pessoal saiu, os processos todos subiram e todo mundo foi solto e ele continuou preso”, disse.

Logo após, ele comenta que advogados do ex-comandante geral também foram até sua casa. Uma advogada disse que tinha um sócio que queria pedir algumas orientações. No outro dia, outro advogado o procurou questionando se ele poderia ajudar ou tentar falar com outros investigados.

“No dia 9 apareceu o doutor: ‘Você pode ajudar? ’. Eu falei: ‘O que mais você quer’. ‘Ah, tentar falar com alguém e tal’. Eu falei: ‘Doutor, estou cumprindo medida cautelar, tenho restrição, não posso falar com ninguém, aliás, não posso nem entrar no prédio público’. E ele gravou essa conversa, no final ele perguntou: ‘ah, o Zaqueu quer saber se você está junto? ’”, relatou.

Por fim, ele conta que durante a quarta abordagem o advogado trouxe uma mensagem gravada pelo Zaqueu, no qual, pede ajuda e que precisava manter contato com o coronel Evandro Lesco e cabo Gerson Correa.

“O coronel Zaqueu falava que foi abandonado, que todo mundo estava solto e que ele, agora, vai pensar na família dele e tal, e que eu precisava ajudá-lo, precisava manter contato com o Lesco, manter contato com o Gerson e que ele já tinha conversado com alguns amigos dele do passado e ia resolver da maneira dele”, contou.

“O coronel Zaqueu falava que foi abandonado, que todo mundo estava solto e que ele, agora, vai pensar na família dele e tal, e que eu precisava ajudá-lo, precisava manter contato com o Lesco, manter contato com o Gerson e que ele já tinha conversado com alguns amigos dele do passado e ia resolver da maneira dele”, contou Siqueira.

Uma das delegadas questionou o depoente se o resolver seria de forma violenta, o coronel respondeu que sim.

“Qualquer um que recebesse aquilo perceberia que era uma intimidação. Foi muito complicado. Para mim está sendo difícil ter que fazer isso pela história que a gente tinha, mas ir dentro da minha casa e fazer isso, é inaceitável”, disse.

Condenação

A Justiça Militar de Cuiabá condenou o ex-comandante-geral Zaqueu Barbosa a 8 anos de prisão, no regime semiaberto, e à análise de perda da patente de coronel no processo que investigou o esquema dos grampos.

Já os coronéis Evandro Lesco, coronel Ronelson Jorge de Barros, o tenente-coronel Januário Antonio Edwiges Batista foram absolvidos das acusações.

O cabo Gerson Correa Júnior recebeu perdão judicial mesmo sem o acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual (MPE). 

O julgamento, presidido pelo juiz Marcos Faleiros, titular da Décima Primeira Vara Criminal e Especializada da Justiça Militar.

Veja a reportagem aqui a partir dos 8 minutos e 30 segundos.

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