ALCIONE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Em depoimento, à juíza Selma Rosane de Arruda, na Sétima Vara Criminal, nesta terça-feira (14), o ex-vereador João Emanuel Moreira Lima negou que tenha participado de uma organização criminosa, que aplicava golpes em pessoas interessadas em empréstimos bancários internacionais a taxas abaixo das praticadas no mercado e afirmou ter sido enganado pelo presidente do Grupo Soy, Walter Dias Magalhães, réu na mesma ação e reclamou de ser 'perseguido' pelo Poder Judiciário.
"Tenho fé de que isso vai mudar. O Brasil venceu a ditadura militar. Vamos passar por isto também”, declarou.
Segundo o Ministério Público, as transações fraudulentas podem ter gerado prejuízo de R$ 500 milhões às vítimas.
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Ele está preso no Centro de Custódia da Capital há sete meses e teve vários pedidos de habeas corpus negados. João Emanuel chegou a comparar a situação vivida à ditadura.
“Tenho fé de que isso vai mudar. O Brasil venceu a ditadura militar. Vamos passar por isto também”, declarou.
A Operação Castelo de Areia foi deflagrada em agosto de 2016 e resultou na prisão do ex-vereador, do casal Shirlei Aparecida Matsuoka e Walter Dias Magalhães Júnior, Evandro Goulart e Marcelo de Melo Costa. Todos já em liberdade, exceto João Emanuel.
“Eu falo fluentemente inglês e espanhol. Em Hong Kong a segunda língua é o inglês”, justificou admitindo intermediar negociações entre clientes e o dono de uma instituição bancária chinesa.
Além de Emanuel, foram ouvidas três testemunhas arroladas pela defesa: Silas de Lima, que prestou serviços de consultoria para o Grupo Soy, Laura Vieira da Silva, dona de um café no Fórum de Cuiabá e Evandro José Goulart, que atuava como analista de projetos da Soy.
Ainda são acusados de participar do esquema fraudulento o irmão do vereador, o advogado Lázaro Moreira, o juiz aposentado, Irênio Fernandes de Lima, pai deles, Evandro José Goulart, Marcelo de Melo Costa e Mauro Chen Guo Quin.
Tanto pai quanto o irmão de João Emanuel são réus no processo e atuam como advogados de defesa do ex-vereador. Eles se esforçaram para imputar toda culpa dos golpes a Walter Dias Magalhães. Ele teria apresentado Mauro Chen Guo Quin, o “falso chinês”, que dizia ser dono de um banco estrangeiro. Sobre este fato a juíza inqueriu se João Emanuel falava Mandarim, já que as vitimas, em depoimento, revelaram que a conversa com o “chinês” era intermediada por Emanuel.
“Eu falo fluentemente inglês e espanhol. Em Hong Kong a segunda língua é o inglês”, justificou admitindo intermediar negociações entre clientes e o dono de uma instituição bancária chinesa.
Segundo João Emanuel, Walter era muito ardiloso e chegou a apresentar extratos, um no valor de 53 bilhões de libras e outro de 23 bilhões de euros como prova da sua capacidade em realizar os empréstimos prometidos de forma lícita junto a bancos internacionais. O golpe se dava quando a vítima antecipava dinheiro ao grupo para liberação dos empréstimos, mas a operação nunca era concluída.
Apesar de negar a existência do cargo de vice-presidente do Grupo Soy, Emanuel admitiu que se apresentava como tal ou como CEO (Chief Executive Officer, ou diretor executivo) da empresa . Mas se contradisse ao ser questionado pelo promotor de Justiça, Samuel Frungillo, sobre os valores que alega ter firmado em contratado e não recebido de Walter.
Segundo ele, a família Lima iria receber R$ 1 milhão ao ano, durante cinco anos, para prestar assessoria jurídica.
“Eram honorários advocatícios. Além de não nos pagar, o Walter ainda nos deu prejuízo de R$ 400 mil em um financiamento de veículo que fizemos para levantar dinheiro para pagar os honorários. Entretanto não recebemos nada”.