GUSTAVO CASTRO
DO REPÓRTERMT
O jornalista e analista político Onofre Ribeiro avaliou que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (11), abre espaço para uma crise política e deve impulsionar a pressão pela aprovação de uma anistia no Congresso.
Em entrevista ao #repórtermt, Onofre disse que a decisão da Corte também aumenta a pressão sobre o Senado, que deve se debruçar sobre propostas de anistia.
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“Eu acredito que a anistia vai andar como consequência do julgamento. Uma vez feita a anistia, está todo mundo liberado, Bolsonaro inclusive. A grande discussão brasileira, agora, vai ser a anistia, tanto no Senado quanto nas ruas”, avaliou.
Bolsonaro foi condenado pela Primeira Turma do STF, em votação de 4 a 1, por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado. Ele recebeu pena de 27 anos e 3 meses de prisão, em regime inicialmente fechado, embora a execução ainda dependa do julgamento de recursos. Os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino votaram pela condenação, enquanto apenas Luiz Fux defendeu a absolvição.
O analista também afirmou que o julgamento foi articulado previamente e pode ter efeitos colaterais tanto no ambiente político quanto na economia.
“Esse julgamento foi combinado. A condenação era esperada, porque havia um alinhamento entre os ministros, com exceção do Fux. O problema é que a argumentação foi fraca, baseada em diz que me diz, e isso não resiste a um veredicto de justiça”, pontuou.
Onofre também destacou que o cenário pode ganhar contornos internacionais.
“Nós temos que considerar a mão dos Estados Unidos sobre o Brasil. Isso vai definir muito o rumo das coisas. Prendendo ou não Bolsonaro, a influência americana vai pesar e pode gerar até sanções”, disse.
Outro ponto levantado por Onofre é que a condenação expôs o STF à opinião pública. Segundo ele, a repercussão social ainda é imprevisível, mas tende a gerar reações.
“O Supremo nunca levou em conta a opinião pública, porque seus ministros têm mandato definitivo e se aposentam por idade. Mas agora eles se expuseram. Eu acredito que vai haver reação, e não dá para imaginar que a OAB, por exemplo, vá continuar calada”, afirmou.
Cenário político
Sobre as eleições de 2026, Onofre reforçou que Bolsonaro fora da disputa fortalece o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como principal aposta da direita.
“A direita não tem nomes. É ele ou ninguém. Tirando Lula e Bolsonaro, o nome que sobra é o Tarcísio. E aí, claro, a escolha do vice será fruto de acordo político”, completou.
Por fim, o analista comentou a dosimetria da pena, que fixou 27 anos e 3 meses para Bolsonaro, considerada alta até mesmo para os padrões do Supremo.
“O STF tem fixado penas altas, mas isso pouco importa, porque eles já sabem que vão ter que lidar com o debate da anistia. Tanto faz 27, 30 ou 40 anos. No fim, a pressão da sociedade vai colocar esse tema no centro da pauta”, concluiu.