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Cuiabá, 27 de Julho de 2024
27 de Julho de 2024

26 de Dezembro de 2022, 17h:40 - A | A

PODERES / STAFF DE LULA

Analista: Fávaro teve benção dos Maggi em indicação para ministro e vai ter que unificar o agro

Para Onofre, além das bençãos de Blairo e Eraí Maggi, somaram na escolha de Fávaro a dívida de Lula com o senador, que enfrentou repúdio dos produtores ao fazer campanha para o petista e ainda o compromisso de agraciar os partidos que apoiaram o PT.

APARECIDO CARMO
DO REPÓRTER MT



A pedido do RepórterMT, o analista político Onofre Ribeiro analisou a escolha do senador mato-grossense Carlos Fávaro (PSD) para o Ministério da Agricultura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para Onofre, o nome de Fávaro passou a ser considerado por causa da postura do senador durante a campanha, quando enfrentou a rejeição de Lula no agronegócio de Mato Grosso e encarou o apoio ao petista e recebeu o repúdio dos produtores ao assumir a coordenação da campanha. Além disso, o nome do senador sempre contou com o apoio de Blairo e Eraí Maggi, dois dos maiores produtores do país. Havia também o compromisso de dar cargos aos partidos que estiveram junto com o PT, na campanha, como foi o caso do PSD.

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“Carlos Fávaro e Neri Geller tiveram a benção do Blairo Maggi e do Eraí Maggi, todos os dois, tiveram a benção deles para irem apoiar o Lula. A ida deles para apoiar o Lula liberou o Blairo de apoiar abertamente a candidatura do Lula. Eles foram, digamos assim, a infantaria do Blairo Maggi e do Eraí Maggi”, avalia.

“Quando o Mauro Mendes fechou o palanque e deixou apenas o Wellington Fagundes (na eleição ao Senado), tanto o Neri quanto o Fávaro ficaram sem palanque, aí eles foram para o palanque que estava aberto, que era o palanque do Lula. Os dois trabalharam no palanque do Lula e tiveram que contrapor com o agronegócio de Mato Grosso, receberam uma série de moções de repúdio dos sindicatos rurais” recorda Onofre, que considera que os dois, tanto Fávaro quanto Neri, jogaram no escuro.

“Nenhum dos dois é petista. Nunca foram e nem são. O Neri foi ministro da agricultura da Dilma, mas sem compromisso partidário. Ele era do PP. Eles não tiveram alternativa”, explica Onofre.

Para o analista, ao apoiar Neri no palanque da esquerda, Carlos Fávaro se indispôs pesadamente com o agronegócio em Mato Grosso. E agora, com a iminência do anúncio de que ele será ministro da Agricultura, seu maior desafio será justamente pacificar o setor ao redor do novo presidente, o que, para Onofre, é uma missão quase impossível.

“O agro votou maciçamente no Bolsonarismo de modo que o agro sai da eleição profundamente dividido. Blairo e Eraí versus o agro inteiro. Tanto que a Aprosoja emitiu notas sucessivas de apoio ao Bolsonaro e de condenação ao Lula e ao resultado da eleição. Então, o agro está profundamente dividido em Mato Grosso. A elite do agro, representada por Blairo, Eraí e mais alguns, estão com Lula”, diz Onofre Ribeiro.

Para o analista, dificilmente a Aprosoja vai rever seus posicionamentos, principalmente porque ela representa os produtores que não estão alinhados com essa elite representada pela família Maggi.

Em Mato Grosso, principalmente, o agro é muito forte e não depende tanto do Ministério da Agricultura, de modo que Fávaro estar ou não no cargo fica limitado ao reconhecimento de que o Estado é o maior produtor do país. O setor tem mecanismos de influência próprios que são mais efetivos para fazer chegar ao governo as suas demandas, como a Aprosoja, a Confederação Nacional da Agrocultura (CNA) e a própria Bancada Ruralista, a mais importante do Congresso Nacional com cerca de 300 parlamentares.

“Fávaro vai ter um problemão no Ministério, é um desafio. Ele vai ter que é pacificar o agro de Mato Grosso em torno do próprio agro e do Lula. Eu acho essa uma tarefa de gigante, não creio que seja possível isso”, defendeu.

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