WELLINGTON FAGUNDES
A Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste (Sudeco) realizou, na última semana, o Fórum Centro-Oeste de Agro Desenvolvimento. Ali tivemos a oportunidade de discutir as políticas públicas e projetos para o fortalecimento dessa região. Região altamente produtora e que há três anos consecutivos é recordista na safra de grãos do país, mesmo com diversos problemas decorrentes do clima. Uma área que está a exigir atenção, pela sua importância, maior do que a que vem sendo dispensada pelas autoridades.
Somente neste ano, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal, foram responsáveis pela produção de mais de 80 milhões de toneladas de grãos. Juntos, produziram 10 milhões de toneladas a mais que a segunda colocada no ranking, a região Sul do país. Ou seja: o campo trabalha, porém, a falta de uma logística adequada nos empurra para baixo.
Atualmente, o agronegócio brasileiro é o “respiro” para o momento econômico complicado que o Brasil vive - dentro dessa crise mundial que assola os mais diversos países em todos os continentes. Os números da produção são taxativos e eloquentes. Excepcionais em todos os sentidos. Para se ter ideia, a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil aponta que a produtividade por trabalhador do setor do agronegócio cresceu 142% entre 2001 e 2011.
Para que possamos traçar com precisão o grau de relevância que os debates sobre a logística possuem para indicarem o melhor caminho ao desenvolvimento social e econômico da do Centro Oeste, basta recorrermos ao Índice de Competitividade do Agronegócio, o ICA, criado pela própria CNA, para mensurar os avanços e retrocessos do setor a partir de seis indicadores: infraestrutura, educação, saúde, ambiente macroeconômico, inovação e mercado de trabalho.
Neste cenário, as notícias não são tão agradáveis. Enquanto São Paulo lidera o índice com 0,75 pontos (sendo 1,0 o “mais competitivo”), Mato Grosso, que é o maior produtor de soja do País, aparece em 10º lugar, com 0,42. Mato Grosso do Sul aparece em 11º e Goiás em 8º. Essa diferença, segundo a CNA, se deve à infraestrutura do Sudeste, principalmente pela qualidade das estradas e pela movimentação do Porto de Santos.
Toda essa perda de “pontos” se deve, portanto, ao mal escoamento de tudo o que é colhido. Dados compilados pela Associação Nacional dos Usuários dos Transportes de Carga mostram que a precariedade do transporte faz com que o produtor brasileiro tenha uma desvantagem de 74 dólares por tonelada. As condições de trafegabilidade nas rodovias não são das melhores, com buracos e a falta de sinalização e duplicações, o que gera intenso engarrafamento e inseguranças aos motoristas. Disso então surgem filas para o descarregamento dos grãos em quase todos os trechos das BRs.
Em infraestrutura, Mato Grosso aparece em 24º lugar entre as 27 unidades da Federação.
Está claro que precisamos modernizar nosso sistema de transporte. O sucesso da duplicação da BR-163 é uma boa demonstração de um bom caminho. Foi uma luta muito grande e intensa para que ela acontecesse. E os dados são fantásticos: as obras deverão baratear o frete em 11%, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres.
Nos debates na Sudeco, ficou evidenciado que o Centro Oeste é uma região que dá respostas efetivas a nação. É preciso agir com força política. Sabemos da limitação numérica de nossas respectivas bancadas. A experiência nos mostra que cada estado, isoladamente, terá muito mais dificuldade de alcançar as metas desejadas. Insisto: temos que nos unir.
E aqui, lanço o desafio para a construção de uma grande união política das representações dos estados em torno dos nossos objetivos comuns. Somente juntos por Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal, teremos a força necessária para reclamarmos uma participação mais efetiva na distribuição das riquezas e também da implantação do desenvolvimento, através de investimentos em modais, seja pela forma direta ou buscando os diversos modelos de parceria e até de concessão.
E para que possamos dar uma solução mais adequada a todos eles, precisamos criar uma agenda positiva de trabalhos, de forma a termos a força suficiente para reivindicar ao que é do nosso direito. A defesa do agronegócio como fator essencial para a economia brasileira é, seguramente, um dos nossos pontos de convergência para o desenvolvimento da infraestrutura modal . E o momento de nos unir é agora.
WELLINGTON FAGUNDES é deputado federal e senador eleito por Mato Grosso.