RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO
A primeira aparição do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) – depois que foi preso na “Operação Sodoma” sob acusação de chefiar um grupo criminoso que concedia incentivos fiscais a empresas em troca de propina – foi durante à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia e Sonegação Fiscal da Assembleia Legislativa. Aparentemente abatido com o cárcere, o peemedebista usou por várias vezes a palavra ‘angustia’, exatamente a expressão que a maioria das pessoas que acompanharam o seu depoimento notou. Ele está preso há 25 dias e já teve três habeas corpus negados.
"Passei quase cinco anos em um governo diferente. Diferente porque tive a missão de cumprir um compromisso atípico dos demais governos que foi a realização da Copa do Mundo. O que foi feito nesse Estado, o que se buscou para este Estado, não foi coisa pouca", argumentou Silval.
O que foi percebido durante sua fala aos membros da CPI, é que Silval se sente injustiçado por estar preso. Ele tentou convencer a todos, inclusive, o Judiciário e parlamentares de que foi o governador que mais sofreu para dar conta dos compromissos e ainda organizar o Mundial de 2014. Mesmo diante de tantos erros apontados em obras prontas, outras que não foram concluídas, além de prisões de vários de seus ex-secretários, incluindo sua esposa Roseli Barbosa, o peemedebista ainda destaca seu “legado”.
“É por isso que eu falo pra vocês da minha angústia. Passei quase cinco anos em um governo diferente. Diferente porque tive a missão de cumprir um compromisso atípico dos demais governos que foi a realização da Copa do Mundo. O que foi feito nesse Estado, o que se buscou para este Estado, não foi coisa pouca, seja através de incentivos, da manutenção dos incentivos, obras ou planejamentos macros”, argumentou o ex-governador durante a CPI no dia 7 deste mês.
“Olha, a questão de estar abatido realmente me parece inerente à situação que ele se encontra, mas está bastante confiante", disse o advogado Ulisses Rabaneda.
O advogado Ulisses Rabaneda falou sobre as mudanças que aconteceram bruscamente na vida de Silval, após o político deixar a glória do poder para viver os dias difíceis de um presidiário. “Olha, a questão de estar abatido realmente me parece inerente à situação que ele se encontra, mas está bastante confiante. Nós enquanto advogados que somos daqui [de Mato Grosso] e ele como ex-governador confiamos no poder Judiciário”, defende.
Quanto ao tempo em que Silval Barbosa deve passar atrás das grades e até possibilidade de que seja solto o mais breve possível, Rabaneda é enfático ao afirmar: “o poder Judiciário ainda não o condenou, estão processando uma ação penal que ele terá todas as oportunidades de defesa, nós vivemos em um estado democrático, isso é muito importante e nós iremos lutar até a última instância para soltá-lo”, garante renomado advogado.
Na verdade pode ser que em breve o ex-governador ganhe mesmo a liberdade, até porque sua prisão é preventiva, mas há outras operações policiais ‘rondando’ e que pode dificultar ainda mais sua vida processual, como por exemplo, uma possível delação premiada do ex-presidente do Detran, Teodoro Sampaio, o “Dóia”.
O assunto veio à tona essa semana, durante a CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal, quando o líder do governo na Assembleia, Wilson Santos (PSDB) deixou escapar que existe uma bomba relógio pronta explodir. O tucano avisou que o Departamento Nacional de Trânsito (Detran) e o Centro de Processamentos de Dados de Mato Grosso (Cepromat) podem originar novas delações e consequentemente novas prisões, que devem ocorrer em breve em operações do Grupo de Atuação Especializado em Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
"As investigações estão muito adiantadas e novas delações premiadas estão sendo construídas e trabalhadas. Então tem muita coisa para acontecer nesses próximos oito meses", avisou Wilson Santos.
"As investigações estão muito adiantadas e novas delações premiadas estão sendo construídas e trabalhadas. Então tem muita coisa para acontecer nesses próximos oito meses e o governador vai cumprir aquilo que falou na campanha, não vai roubar, não vai deixar roubar e vai atrás de quem roubou”, disse o tucano.
A revelação do líder governista deixa claro que o governador Pedro Taques (PSDB) está no mínimo acompanhando de muito perto todas as operações que têm ocorrido, inclusive levando à prisão agentes públicos de peso na “Operação Sodoma”, como o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e dois ex-secretários de Estado, o de Fazenda, Marcel de Cursi e o de Indústria e Comércio e Casa Civil, Pedro Nadaf, que também administrou as pastas de Fazenda e Casa Civil.
A Justiça já aceitou o pedido do Ministério Público Estadual é a primeira vez que um ex-governador de Mato Grosso sentará no banco dos réus para ser julgado, com uma grande possibilidade de ser condenado. (Confira na galeria, as fotos da época de Silval como governdor e agora como presidiário).