KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO
O Governo do Estado anunciou que vai fazer concurso público para professores da rede estadual, acatando decisão judicial.
A meta é reduzir o número de contratados, os chamados interinos, que hoje são mais de 50%.
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Um professor da rede estadual ganha, atualmente, R$ 1.739,00 mensais por 30 horas semanais trabalhadas, sendo 20 em sala de aula e 10 preparando material pedagógico. Se tiver especialização, mestrado ou doutorado, esse salário sobe respectivamente 75%, 85% e 130%.
Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), Henrique Lopes, embora não possa ser considerado muito bom, este piso é um dos cinco maiores do país.
Ainda de acordo com ele, o Sintep instigou várias vezes o Ministério Público Estadual (MPE) sobre a necessidade de um novo concurso na área, inclusive durante a última grande greve, que parou as escolas de Mato Grosso em 2013, por 67 dias. Sendo assim, o MPE peticionou na Justiça que obrigasse o Estado a realizar um certame.
“Recebemos a notícia desse concurso com um certo alívio, porque esse número de interinos é uma realidade ruim para o trabalhador e também para a qualidade do ensino”, observa o sindicalista.
A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) já iniciou o processo de realização do concurso. Uma comissão, formada por técnicos da Seduc, da Secretaria de Gestão e do Sintep, analisará a demanda, porém, dentro da previsão orçamentária do Estado. Após este levantamento, começa o processo para contratar a empresa que será responsável pela seleção.
O governador Taques (PDT), que diz ter “mania de educação”, fala em alcançar uma média histórica de professores efetivos dentro de quatro anos.
O secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto (PSDB), lembra que há uma decisão judicial para realização do concurso que será cumprida pelo governo, muito embora pudesse ter recorrido para reverter à determinação, já que a demanda vem de governos anteriores.
A decisão judicial dá 270 dias para a realização do certame, que vai abrir vagas também para outros cargos nas 744 escolas estaduais de Mato Grosso.
O professor de matemática Marioney Lúcio, que leciona no Colégio Liceu Cuiabano, acredita que esta carreira, em tese muito respeitada, tenha prós e contras.
Conta a favor, na opinião dele, a segurança no trabalho, os benefícios conquistados historicamente e a importância que a profissão tem na sociedade.
Por outro lado, o professor Marioney avalia que o trabalho em sala de aula é muito puxado para um salário ainda é baixo, não apenas no Estado, mas em todo o país.
A lei do piso da educação já estabelece o valor mínimo de R$ 1.917,00, quase R$ 200 a mais do que paga a rede estadual de Mato Grosso.
“Por causa disso a gente, geralmente, tem que assumir dois turnos. O primeiro como concursado e outro como interino, senão não dá conta de arcar com as despesas de casa”, reclama Marioney.