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Crianças e adolescentes não estão ingerindo a quantidade necessária de líquidos, especialmente água, aponta estudo recente publicado no European Journal of Nutrition. De acordo com os pesquisadores, a hidratação inadequadanestas faixas etárias pode prejudicar o desempenho físico e cognitivo, afetando o funcionamento do organismo.
A pesquisa, realizada na América Latina (México, Brasil, Argentina, Uruguai) e Ásia (China, Indonésia), apontou que, além de não atingirem a meta estabelecidas por autoridades de saúde, crianças e adolescentes estão consumindo em excesso alguns tipos de bebidas com altor teor de açúcar – como refrigerantes e sucos industrializados –, o que aumenta o risco de obesidade, diabetes (tipo 2) e problemas cardiovasculares.
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Para especialistas, a quantidade de água necessária para o corpo depende de alguns fatores, como peso e idade. No entanto, existe um cálculo baseado no peso corporal usado para indicar qual deve ser a quantidade de água ingerida: peso X 0,03. Portanto, uma criança de 30 quilos deve ingerir cerca de 1 litro por dia. Ainda assim, recomenda-se que a ingestão de água seja baseada na sede, que é um sistema de defesa do organismo para evitar a desidratação, que pode causar dores de cabeça, cansaço, tontura e fraqueza.
As bebidas analisadas pela equipe foram água (torneira e garrafa), leite e derivados, bebidas quentes (café e chá), sucos naturais, bebidas industrializadas com alto teor de açúcar (refrigerantes, energéticos, bebidas esportivas, chás e sucos artificiais) e bebida alcoólica. Os resultados mostraram que, entre os países latinos, o Brasil foi um dos poucos em que o consumo diário de água atingiu todas as crianças (cerca de 369mL/dia); embora as uruguaias tenham bebido mais (500mL). Já entre os adolescentes o consumo foi maior no Brasil (505mL/dia). Apesar disso, os valores estão abaixo do recomendado.
Os participantes – com idades entre 4 e 17 anos – foram orientados a registrar a ingestão de líquidos ao longo do dia e da noite durante sete dias. O tipo de bebida, volume e tamanho do recipiente também foram relatados, assim como o local onde foi ingerido e se foi associado a sólidos. O consumo de alimentos não foi registrado. O estudo foi realizado em 2016 por uma equipe de especialistas de diversas instituições internacionais, entre elas a British Dietetic Association, no Reino Unido, e o Instituto Nacional de Pediatria, do México.
Bebidas artificiais
Na América Latina, o consumo de bebidas com alto teor de açúcar, como refrigerantes, atinge proporções elevadas, estando entre os maiores do mundo. Entre as crianças, o país com maior registro foi o Uruguai (570mL); os adolescentes consumiram ainda mais, principalmente na Argentina (686mL). No Brasil, a ingestão foi de 396mL e 499mL, respectivamente. “Estes níveis de consumo levantam preocupações considerando as crescentes evidências dos efeitos negativos de algumas bebidas na saúde infantil”, alertaram os pesquisadores.
Eles indicaram que o índice de massa corporal (IMC) nos países latinos aumentou duas vezes mais rápido em comparação com a média global entre os anos de 1980 e 2008, assim como a ocorrência de problemas de saúde como diabetes tipo 2 e síndrome metabólica, conjunto de de condições (hipertensão, nível de açúcar e colesterol elevados e excesso de gordura corporal), que aumentam o risco de doenças como acidente vascular cerebral (AVC) e ataque cardíaco.
Preocupação
Uma pesquisa de saúde e nutrição mexicana realizada em 2012, mostrou que 71% das crianças entre 4 e 6 anos não atingiam as recomendações de ingestão adequada de água. Entre os adolescentes, o número era mais alarmante (83% a 87%).
De acordo com o estudo do ano passado, a prevalência de obesidade global cresceu nos últimos 40 anos. O problema, que atingia 0,7% das meninas em 1975, atualmente afeta 5,6%. Nos meninos, a alta foi muito maior: saiu de apenas 0,9% em 1975 para 7,8% em 2016. No Brasil, o índice dos meninos subiu para 12,7% – em 1997 era 0,93%. Já entre as meninas de ,01% em 1975 subiu para 9,37%.