MATEUS COUTINHO
LUCAS BORGES TEIXEIRA
DO UOL
O advogado-geral da União, Jorge Messias, foi indicado pelo presidente Lula (PT) para ocupar a cadeira deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso no STF (Supremo Tribunal Federal).
O que aconteceu
Messias foi anunciado nessa quinta-feira (20) pelo presidente Lula. Nome de confiança do presidente, ele ocupou cargos estratégicos nos governos do PT e arregimentou apoios no STF e no Congresso. Esta é a 11ª indicação do petista ao Supremo considerando os três mandatos de Lula na Presidência.
Messias é membro de carreira da AGU. Pernambucano de 44 anos, ele é procurador da Fazenda Nacional desde 2007. Chegou ao posto mais alto do ministério no terceiro mandato de Lula. Na chefia da AGU, ele se tornou o principal conselheiro jurídico do presidente da República, sendo o responsável por representá-lo em ações no STF.
Membro da Igreja Batista, é um dos canais do governo com o segmento evangélico. A religião foi levada em conta na sua escolha para a AGU, pois Messias sempre buscou manter interlocução com esse público, cujo eleitorado tem resistência ao PT no geral.
Messias foi o único representante do governo a marcar presença na Marcha para Jesus. Trata-se do principal evento evangélico realizado na capital paulista anualmente, com presença de lideranças de direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ministro foi o responsável por chancelar pareceres sigilosos que autorizaram penduricalhos para a AGU. Ele foi favorável ao uso dos honorários de sucumbência, a que os membros da AGU têm direito, para criar verbas indenizatórias. Como o UOL revelou o UOL em março, na prática, essas verbas permitem aos advogados da União receberem acima do teto do funcionalismo.
Messias ocupou postos estratégicos nos governos Lula e Dilma. Antes de virar ministro da AGU, foi subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil, de 2015 a 2016; secretário de regulação da Educação Superior no Ministério da Educação, entre 2012 e 2014; e consultor jurídico nos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, em 2011 e 2012.
Ele se formou em direito na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) em 2003 e concluiu doutorado na UnB em 2024. Ele concluiu mestrado em administração pública na UnB (Universidade de Brasília) em 2018 com uma dissertação sobre compras governamentais e incentivo à inovação. Fez doutorado na mesma área, com a tese "Centro de Governo e a AGU: Estratégias de Desenvolvimento do Brasil na Sociedade de Risco Global", apresentada no ano passado.
Messias é graduado em Direito pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). É mestre e doutor em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional pela UnB (Universidade de Brasília), onde deu aula como professor visitante.
Já participou de outros governos petistas. Foi subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil, Secretário de Regulação e Supervisão do Ministério da Saúde e Consultor Jurídico do Ministério da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação. Também atuou na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e na Procuradoria do Banco Central.
O caso "Bessias"
Ele ficou conhecido nacionalmente como "Bessias" em grampo da Lava Jato. O ministro ganhou fama durante o governo Dilma. Devido à qualidade do áudio no grampo telefônico, seu nome saiu pronunciado como "Bessias" pela então presidente Dilma Rousseff em 2016. Na ocasião, ele ocupava o cargo de subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil e foi designado pela então presidente para enviar o termo de posse de Lula como ministro da Casa Civil.
Grampo em telefone de Lula foi divulgado por ordem do juiz Sergio Moro. Ele acabou sendo considerado parcial e teve anulados os processos julgados por ele na operação Lava Jato contra Lula. Na época, o áudio levou o ministro do STF Gilmar Mendes a cancelar a posse de Lula na Casa Civil.
O diálogo que deixou Messias famoso em 2016:
Dilma: "Alô."
Lula: "Alô."
Dilma: "Lula, deixa eu te falar uma coisa."
Lula: "Fala, querida. Ahn?"
Dilma: "Seguinte, eu tô mandando o 'Bessias' junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!"
Lula: "Uhum. Tá bom, tá bom."
Dilma: "Só isso, você espera aí que ele tá indo aí."
Lula: "Tá bom, eu tô aqui, fico aguardando."
Dilma: "Tá?!"
Lula: "Tá bom."
Dilma: "Tchau."
Lula: "Tchau, querida."















