DA REDAÇÃO
O governador Pedro Taques (PSDB) aproveitou sua entrevista à imprensa, nesta terça-feira (15), durante a assinatura de Termos de Ajustamento de Gestão das obras da Copa, para defender novamente o afastamento do presidente da Câmara Federal de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ressaltando a ação da Polícia Federal (PF), batizada de “Catilinárias”, que cumpriu mandado de busca e apreensão na residência oficial de Cunha, em Brasília e também no Rio de Janeiro, argumentou que este é momento do Judiciário entrar no caso.
“Eu entendo que sim. O Ministério Público podia pedir o afastamento dele judicialmente. Isso já foi feito, inclusive em Mato Grosso”,disse Taques em referência ao afastamento do ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Riva
“Eu entendo que sim. A Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Riva (sem partido), a pedido da Justiça. Riva continua preso no Centro de Custódia da Capital (CCC) por suspeita de desvio de recursos público do Legislativo estadual.
Para Taques, o que ocorreu nesta terça é um misto de sentimentos. “Alegria porque as instituições estão funcionando, vivemos em um estado democrático de direito, o Ministério Público está funcionando, o Supremo Tribunal Federal e as leis estão funcionando, isso é motivo de alegria. Imagine se nós tivéssemos em uma ditadura. E tristeza porque é ruim você ver chefes de Poderes em situações como estas. Então é este misto”, disse o governador.
A ação que faz parte das investigações da “Operação Lava Jato” também cumpriu mandado de busca e apreensão nos endereços dos deputados federais Eduardo da Fonte (PP-PE), Aníbal Gomes (PMDB-CE) e Aureo (SD-RJ); e dos ministros, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do Turismo e Celso Pansera (PMDB-RJ), de Ciência e Tecnologia. O prefeito de Nova Iguaçu e ex-deputado Nelson Bornier (PMDB), aliado de Cunha, também foi alvo na operação. Os agentes federais também estiveram na Diretoria Geral da Câmara dos Deputados.
OUTROS ALVOS DA PF
Também foram alvos de mandados a chefe de gabinete de Cunha, Denise Santos e o ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Fábio Ferreira Cleto indicado por Cunha (PMDB-RJ) para o cargo. Cleto foi exonerado na última semana pela presidente Dilma Rousseff (PT).
Outro mandado foi cumprido na sede do PMDB em Alagoas, relacionado ao inquérito do senador Fernando Collor (PTB-AL).
Os senadores Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) também são alvos da operação desta terça.
Pansera foi nomeado ministro na última reforma ministerial promovida pela presidente Dilma Rousseff. Antes de ser deslocado para a pasta, o peemedebista cumpria mandato de deputado federal e era um dos principais aliados de Eduardo Cunha na Câmara.
Durante as investigações da Lava Jato, Pansera chegou a ser acusado pelo doleiro Alberto Yousseff de ser "pau mandado" do presidente da Câmara.
O ministro Henrique Eduardo Alves, ex-presidente da Câmara, também integra a ala mais próxima de Cunha no PMDB.
A Polícia Federal também confirmou que cumpriu mandados no Ceará e no Rio de Janeiro em endereços relacionados ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Em depoimento à Justiça do Paraná, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costacitou Machado como responsável pelo pagamento de R$ 500 mil em propina oriunda de contratos da estatal supostamente superfaturados, entre 2009 e 2010. Machado nega os pagamentos.
A assessoria do Ministério da Ciência e Tecnologia se limitou a dizer que não vai comentar o assunto e que ainda não fizeram contato com o ministro.
O advogado do senador Edison Lobão, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse ter “tranquilidade” com a operação na casa de seu cliente. Segundo ele, o senador está de mudança e não estava em casa no momento da apreensão, mas os itens que estão sendo procurados estão na atual residência.
“Essa operação, a essa altura, é desnecessária. O senador estava contribuindo completamente com a investigação. Agora, é um direito do procurador pedir [o mandado de buscar e apreensão]. Vamos cumprir e obedecer, não temos nenhuma preocupação”, disse Kakay. (Com informações do G1 BRASÍLIA).