DO REPÓRTER MT
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) determinou, nessa terça-feira (19), a soltura do corretor de imóveis Lucas Goudinho e Gonçalves, preso durante a Operação Datar, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas no Estado.
A decisão foi assinada pelo desembargador Wesley Sanchez Lacerda, da Primeira Câmara Criminal, que substituiu a prisão preventiva por medidas cautelares, como comparecimento mensal em juízo, proibição de deixar a comarca sem autorização judicial e de manter contato com os demais investigados.
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Além de Lucas, o Tribunal de Justiça havia acolhido pedido de soltura de Thiago Massashi Sawamura, que também foi preso na operação.
Segundo o magistrado, embora os fatos em apuração sejam graves e exijam aprofundamento das investigações, não há elementos para manter Lucas preso no atual estágio do processo.
“A situação específica do paciente [Lucas Goudinho] não autoriza a manutenção da prisão preventiva, sobretudo porque não há notícias de prática de novos crimes após 2023”, escreveu Lacerda na decisão.
Histórico e investigações
De acordo com os autos, entre 2015 e 2023, Lucas teria movimentado valores fragmentados com investigados apontados como chefes da quadrilha, como Diego de Lima Datto e Patrike Noro de Castro, conhecido como “DJ”. Os montantes identificados somam R$ 23,1 mil e R$ 12 mil, respectivamente.
Lucas já havia sido condenado, em 2017, a 4 anos e 1 mês de prisão por associação ao tráfico de drogas, pena que cumpre em regime semiaberto. A defesa argumentou que o crime de lavagem não exige prisão preventiva e que havia “lapso temporal relevante” entre os fatos e a investigação. Também foi mencionado que o investigado é pai de uma recém-nascida.
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Apesar da soltura de Lucas e Thiago, permanecem presos os principais líderes do esquema, Diego Lima Datto e Patrike Noro, acusados de chefiar e organizar a rede criminosa que teria movimentado cerca de R$ 185 milhões.
A operação
Deflagrada pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (Denarc), a Operação Datar cumpriu 67 mandados, sendo sete de prisão preventiva, 11 medidas cautelares diversas, 14 de busca e apreensão, 19 bloqueios de contas bancárias e o sequestro de 16 veículos.
As ordens foram cumpridas em Cuiabá, Primavera do Leste, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A investigação apontou que integrantes do grupo, incluindo familiares, movimentavam valores expressivos em contas próprias, sem lastro legal, com fracionamento e circulação em contas de pessoas físicas e jurídicas para ocultar a origem ilícita do dinheiro.
Entre os investigados, está ainda o servidor comissionado da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Vinicius Curvo Nunes, que foi alvo de mandado de busca e apreensão.