JOÃO RIBEIRO
DA REDAÇÃO
‘Arrependido’ e que estava sob o efeito de drogas. Essas foram as principais declarações feitas pelo mecânico Edilson Pedroso da Silva, de 29 anos, na primeira audiência de instrução do processo criminal da tragédia da Casa de Câmbio Rápido, realizada no Fórum de Cuiabá, na tarde desta quarta-feira (1). A sessão foi presidida pela juíza da 8º Vara Criminal, Mari Rosi de Meira Borba.
Há pouco mais de quatro meses, o réu tentou assaltar o estabelecimento localizado na Avenida Getúlio Vargas, região central da capital. Ao invadir a empresa, Edilson se deparou com o policial militar Leandro Almeida de Souza, de 22 anos, e Danilo César Fernandes Rodrigues, de 27 anos.
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Edilson entrou no local. Perguntou se lá fazia empréstimos e ao se dirigir à funcionária Karina deu meia volta e sacou a arma. Leandro percebeu o possível assalto e revidou os tiros contra Edilson. Porém, os tiros acertaram o rosto da funcionária Karina Fernandes Gomes, de 19 anos, e o PM Danilo, que morreram na hora.
Edilson ainda foi atingido duas vezes, mas conseguiu fugir. Dois dias depois, ele foi preso na casa do pai, no município de Acorizal (60 km da capital). O criminoso cumpre pena no Centro de Ressocialização de Cuiabá (antigo Carumbé).
Ainda no depoimento, Edilson revelou que cometeu a tentativa de assalto após fumar um cigarro de maconha junto com um homem identificado apenas como Fernando. Ao dizer para o comparsa que precisava de dinheiro para custear a gravidez da esposa, o homem se prontificou a ajuda-lo na realização do assalto.
“Fui com o Fernando até uma residência no bairro Alvorada (em Cuiabá) onde ele pegou uma pistola calibre .40. Com isso, seguimos em uma moto até a região central. Durante uma volta na Getúlio Vargas resolvemos assaltar o local (Casa de Câmbio)”, destacou o réu.
Com a escolha feita, Edilson explicou que o comparsa parou a moto próximo a Praça Santos Dumont, em frente a Casa de Câmbio.
“Quando entrei na firma me deparei com o policial (Leandro). Perguntei pra ele se a empresa trocava dinheiro e ele disse que era para falar com a moça da frente (Karina). Andei em direção a ele e ‘apavorei’, com isso, me virei sacando a arma, mas fui baleado, mesmo assim consegui fugir”, informou.
Edilson voltou a destacar que só realizou a tentativa de roubo no local porque achou que os dois PM’s que estavam na empresa eram seguranças. “Eu não sabia que a farda (da corporação) havia sido trocada. Ao me apavorar, só apontei a arma na intenção de intimar o policial para eu conseguiu fugir”, disse.
A FUGA
Após sair da empresa, Edilson contou que foi em direção a praça para fugir com o comparsa. No entanto, ‘Fernando’ não estava mais lá. Sem alternativa, o réu destacou que roubou um Fiat Uno e seguiu, como o trânsito estava lento, abandonou o carro, correu até a frente de uma casa noturna e abordou a motorista de um Honda Fit. A vítima foi obrigada a sair do carro para Edilson continuar a fuga.
O assaltante seguiu até uma região da ponte Sérgio Mota, porém o carro fundiu o motor, diante da velocidade que o criminoso dirigia. Edilson furtou alguns pertences do carro e seguiu caminhando até abordar um motociclista e continuar sua fuga.
“De lá fui até o bairro Jardim Maringá (Várzea Grande) onde encontrei dois guris (os adolescentes D.A.M., de 14 anos e K.J.A., de 17 anos). Disse que tinha sido baleado e pedi ajuda a eles. Os dois me deixaram entrar em uma residência próxima, onde limpei o local ferido e troquei de roupa”, falou.
Após se trocar, Edilson ligou para um táxi e foi até a Rodoviária de Cuiabá. No local, ligou para um amigo que o deixou na sua casa no bairro CPA. “De lá liguei para um amigo de infância (Paulinho da Alvorada) que me levou até a casa do meu pai (em Acorizal), onde fui preso dias depois”, destacou.
ACUSAÇÕES
O Ministério Público Estadual (MPE) ofereceu denúncia contra Edilson, que foi autuado pelos crimes de roubo qualificado tentado, contra os dois policiais e a funcionária. Além de roubo qualificado, onde o criminoso cometeu durante a fuga, roubando três veículos, sendo dois carros, após a tentativa frustrada de roubo. Se condenado, ele pode pegar até de 15 anos de prisão.
Já o PM Leandro foi autuado por homicídio culposo (sem intenção de intenção de morte) e segue afastado dos trabalhos na corporação.