DO G1
Quinze alvos da Operação Carbono Oculto, a maior realizada contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), são sócios de ao menos 251 postos de combustíveis em quatro estados do país segundo levantamento feito pelo g1. Não há nenhum posto em Mato Grosso.
Deflagrada em agosto, a Operação Carbono Oculto teve como alvos mais de 350 pessoas e empresas suspeitas de ajudar o PCC a esconder o dinheiro obtido nos crimes – prática conhecida como lavagem de dinheiro.
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Segundo uma decisão da Justiça que autorizou buscas e prisões da Operação Carbono Oculto, todos os 15 alvos são supostamente ligados a esse esquema de lavagem.
O g1 tentou localizar a defesa de todos os alvos citados nesta reportagem e conseguiu falar com nove delas. Seis responderam, e todas negaram irregularidades (leia mais abaixo).
O g1 levantou as empresas pertencentes a alvos da Carbono Oculto e, depois, cruzou com a lista de postos de combustíveis ativos da ANP.
A maioria dos postos (233) fica no Estado de São Paulo, principalmente na Região Metropolitana da capital e na Baixada Santista. Outros 15 ficam em Goiás, um, em Minas Gerais e dois, no Paraná.
Quase a metade (127) têm bandeira branca – o que significa que não têm vinculação com nenhuma distribuidora. Os demais são vinculados às distribuidoras Ipiranga (52), Rodoil (33), BR Petrobras (29) e Shell (12). Nenhuma das bandeiras foi alvo da operação.
O g1 perguntou ao Ministério Público de São Paulo se todos os postos pertencem aos alvos da operação objeto da investigação, mas o órgão alegou que, por sigilo, não poderia se manifestar. A Receita Federal, que diz que mais de 1 mil postos foram utilizados pela organização criminosa, mas não forneceu a lista deles.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), órgão federal que regulamenta o setor, diz que as evidências coletadas na Operação Carbono Oculto poderão servir para instruir processos administrativos que podem levar à perda de autorização de estabelecimentos, e que muitos dos alvos da operação já haviam sido punidos antes de ela ocorrer.
O que disseram as distribuidoras
A Ipiranga afirmou que “não compactua com práticas ilícitas” e que vem atuando no combate ao mercado ilegal, defendendo mais controle e fiscalização no setor. A empresa disse ver “com otimismo o avanço da Operação Carbono Oculto” e informou que pediu acesso aos inquéritos, mas ainda não teve o pedido concedido.
A Rodoil afirmou que desde março de 2025 já realizava monitoramento dos postos credenciados e "já havia identificado algumas inconsistências e iniciado o processo de distrato com os postos em questão, inclusive judicialmente. Esses contratos foram rompidos e os estabelecimentos estão em fase de retirada da marca".
A Vibra, responsável pela marca Petrobras, afirmou que mantém “padrões rigorosos de compliance, due diligence e integridade, auditados de forma contínua” e que, caso sejam confirmadas irregularidades, “os revendedores serão removidos da rede”. A companhia disse ainda que, nos últimos dois anos, desvinculou mais de 100 postos em São Paulo por irregularidades e que “repudia veementemente qualquer ação ilegal ou que prejudique a livre concorrência no setor de combustíveis”.
A Raízen, detentora da marca Shell, informou que está apurando as informações e que tomará as medidas cabíveis. A empresa afirmou que “não compactua com qualquer prática ilegal” e que apoia ações que reforcem seus valores de “ética, transparência e integridade”.