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Cuiabá, 16 de Julho de 2025
16 de Julho de 2025

16 de Julho de 2025, 10h:38 - A | A

POLÍCIA / CASO EMELLY SENA

MP pede arquivamento de inquérito que investiga participação de ex-marido, irmão e cunhado em crime

Após investigação, promotor constatou que Nataly Helen Martins Pereira cometeu o crime sozinha

VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT



O Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) pediu o arquivamento do inquérito policial complementar que foi instaurado para apurar a suposta participação de Aledson Oliveira da Silva, Christian Albino Cebalho de Arruda e Cícero Martins Pereira Júnior no assassinato da adolescente Emelly Beatriz Azevedo Sena, de 16 anos, em março deste ano. A jovem, que estava grávida de nove meses, teve a barriga cortada e o bebê roubado por Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, depois foi enterrada no quintal de uma casa, em Cuiabá.

De acordo com o pedido de arquivamento proposto pelo promotor Rinaldo Segundo, o inquérito tinha o objetivo específico de apurar se Nataly contou com a participação de outras pessoas para cometer o crime. Após investigação conduzida pelo delegado Michel Mendes Paes, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), foi constatado que Aledson, Christian e Cícero não participaram do assassinato da adolescente.

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Eles chegaram a ser presos sob suspeita de participação no crime, mas foram liberados quando ela confessou que agiu sozinha.

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Conforme revelado pela investigação, Aledson que é cunhado de Nataly, apenas prestou auxílio à família após ela dar entrada no Hospital Santa Helena, fingindo que havia dado à luz a bebê que ela roubou do ventre de Emelly.

Ele atuava como motorista de aplicativo no dia dos fatos e foi ao hospital apenas para auxiliá-la, não havendo qualquer indício de que tinha conhecimento do plano criminoso.

No tocante ao investigado Aledson Oliveira Da Silva, restou demonstrado que sua participação nos eventos limitou-se ao auxílio prestado à família após a descoberta das inconsistências médicas no Hospital Santa Helena. Conforme apurado, Aledson exercia a função de motorista de aplicativo no dia dos fatos, possuindo álibi confirmado”, destacou o promotor.

Já em relação a Christian Cebalho, marido de Nataly à época, o Ministério Público aponta que ele também foi vítima da assassinada, uma vez que acreditou que ela estava grávida.

De acordo com a investigação policial, no dia do crime ele estava trabalhando em um restaurante.

Durante todo o período de simulação da gravidez, Christian foi igualmente enganado, acreditando na veracidade da gestação apresentada por sua companheira”, disse Rinaldo Segundo.

Cícero Martins, que é irmão de Nataly e proprietário da casa onde Emelly foi assassinada e enterrada, estava trabalhando em uma obra de construção civil no dia do crime, possuindo assim álibis robustos.

De acordo com as investigações, Nataly aproveitou que a chave da casa do irmão ficava em um esconderijo conhecido pela família e usou a casa dele para cometer os crimes.

Cícero trabalhava em uma obra de construção civil no dia dos crimes, possuindo álibi robusto e confirmado. A utilização de sua residência para a prática delitiva ocorreu de forma clandestina, tendo Nataly se aproveitado do fato de que a chave do imóvel permanecia em um esconderijo conhecido pela família”, ressaltou o MP.

Conforme apontado pelo promotor, o irmão de Nataly só ficou sabendo que ela teria supostamente dado à luz após ter sido procurado pela mãe deles, na madrugada seguinte e, posteriormente, com a chegada da polícia na casa dele.

Durante as investigações, a mãe de Cícero e Nataly foi ouvida pela polícia e contou que a filha apresentava histórico de simulação de gravidez, mesmo após ter sido submetida a uma laqueadura.

A assassina usava exames falsificados e não aceitava ser acompanhada por familiares em consultas médicas.

À polícia, a mãe disse ainda que toda a família foi enganada pela farsa arquitetada por Nataly, a qual incluía a apresentação de fotos de ultrassonografia 3D e vídeos da suposta gestação.

O relato materno evidencia que nem mesmo os familiares mais próximos tinham conhecimento das reais intenções criminosas da investigada”, destacou Rinaldo Segundo.

Quatro denúncias anônimas também foram analisadas pela polícia no inquérito que investiga o crime cometido por Nataly.

Na primeira denúncia, foi evidenciado o método utilizado pela assassina para atrair gestantes e que, neste tipo de ação, ela atuava sozinha. Já uma segunda denúncia sugeria a hipótese de tráfico de bebês envolvendo o então companheiro dela, Christian Cebalho, mas esta informação foi descartada diante da inexistência de indícios.

As demais denúncias foram verificadas, mas também não resultaram em nenhum elemento que comprometesse os demais investigados.

Foram realizadas ainda análise nos dados dos celulares de todos os quatro investigados e a equipe técnica responsável pela avaliação concluiu: "Não há indícios/provas capazes de imputar culpa do crime a Aledson Oliveira da Silva, Cristian Albino Cebalho de Arruda e Cícero Martins Pereira Júnior", não tendo sido localizada "nenhuma informação demonstrando que tais pessoas agiram como facilitadores/colaboradores do crime de homicídio qualificado e ocultação de cadáver da vítima Emelly Beatriz Azevedo Sena".

É importante destacar que a investigação foi exaustiva, tendo sido esgotadas todas as linhas investigativas plausíveis. Além da análise digital, foram realizadas oitivas, verificação de álibis, apuração de denúncias anônimas, perícias técnicas e outras diligências necessárias ao completo esclarecimento dos fatos”, destacou o Ministério Público.

Por fim, o promotor ressaltou que, com base no relatório final elaborado pelo delegado Michel Paes, foi confirmado que Nataly agiu sozinha tanto no plano como na execução do crime e que Aledson, Christian e Cícero foram surpreendidos pelos acontecimentos, assim como os demais membros do círculo familiar e social da assassina.

“Dessa forma, a completa ausência de participação, seja dolosa ou culposa, impede qualquer responsabilização penal dos referidos investigados”, completou Rinaldo Segundo.

O crime

Nataly cometeu o assassinato no dia 12 de março deste ano. Ela atraiu Emelly, que morava em Várzea Grande, para uma casa do irmão, Cícero Martins, no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá, com a promessa de doar roupas de bebê. No local, a vítima foi morta por asfixia e teve o bebê arrancado do seu ventre.

Para fazer o parto improvisado, Nataly usou uma faca e uma navalha.

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Depois da sessão de crueldade, a assassina enterrou a jovem em uma cova rasa no quintal e tentou registrar a criança como se fosse dela, no Hospital Santa Helena, mas foi presa.

Na delegacia, ela confessou e deu detalhes sobre o crime.

Nataly foi denunciada pelo MP por feminicídio qualificado, tentativa de aborto sem consentimento da gestante, subtração de recém-nascido para colocação em lar substituto, dar parto alheio como próprio, ocultação de cadáver, fraude processual, falsificação de documento particular e uso de documento falso.

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Na Justiça, a defesa da assassina chegou a pedir a instauração de insanidade mental, devido a um estupro sofrido na infância, mas o pedido foi negado. 

Desde março, Nataly está presa na penitenciária feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá.

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