GUSTAVO CASTRO
DO REPÓRTERMT
A operação Carbono Oculto, que mira um esquema bilionário de sonegação de impostos no setor de combustíveis a nível nacional, teve alvos em quatro municípios de Mato Grosso. Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira (28) nas cidades de Feliz Natal, Diamantino, Primavera do Leste e Rondonópolis. Nesta última, foram duas diligências.
Segundo o Ministério Público, a organização criminosa é liderada por Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como “Beto Louco”, apontado como chefe de uma das maiores estruturas de fraude e evasão fiscal do ramo de combustíveis no país.
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Em Mato Grosso, Beto Louco já havia sido investigado anteriormente na Operação Barrio Vazio, deflagrada pela Delegacia de Crimes Fazendários (Defaz) em maio deste ano, que revelou um esquema de fraudes fiscais e documentais capaz de causar prejuízo de até R$ 500 milhões por ano ao Estado.
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A ação em Mato Grosso é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), força-tarefa formada pelo Ministério Público do Estado (MPMT), Polícia Judiciária Civil, Polícia Militar, Polícia Penal e Sistema Socioeducativo.
Além de Mato Grosso, a operação ocorreu de forma simultânea em São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Conforme as investigações, o grupo criminoso teria sonegado mais de R$ 7,6 bilhões em impostos, com irregularidades identificadas em várias etapas do processo de produção e distribuição de combustíveis.
O trabalho é conduzido pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do Gaeco, com apoio do Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal, polícias Civil e Militar de São Paulo, além da Receita Federal, da Secretaria da Fazenda de SP, da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e da Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo (PGE-SP).
Histórico de fraudes em MT
Na Barril Vazio, as investigações mostraram que “Beto Louco” utilizou o JNC Fundo de Investimento em Participações – Capital Semente para adquirir ações da empresa EGCEL/NEOVG, alvo de apurações por fraudes milionárias. Segundo a denúncia, o fundo emitiu notas promissórias fictícias sem possuir recursos para quitá-las, ocultando o real controle de Roberto sobre a companhia.
O Ministério Público apontou ainda a ligação do empresário com empresas como Copape Produtos de Petróleo Ltda. e Aster, que atuavam de forma coordenada para fraudar o fisco. Ambas tiveram licenças cassadas pela ANP e entraram em recuperação judicial. Documentos apreendidos mostraram e-mails e contratos paralelos que detalhavam negociações ocultas, revelando o papel estratégico de Roberto na estruturação do grupo econômico criminoso.
À época, o promotor Carlos Roberto Zarour Cesar destacou que o capital social da empresa estava lastreado em propriedades adquiridas com documentos falsos e notas promissórias simuladas. A apuração também revelou movimentações financeiras atípicas e indícios de ligação de “Beto Louco” com o PCC, suspeita que se confirmou nas investigações atuais.