JOÃO RIBEIRO
DA REDAÇÃO
“Siga o seu coração e faça o que você quiser”, disse um dos sequestradores ao piloto Evandro Rodrigues de Abreu e Rodrigo Faris Angelli, quando os libertaram, durante um desentendimento com os compradores do avião, modelo King Air, na noite de terça-feira (28), em uma região de fazendas na cidade boliviana de Santa Rosa (BO).
No aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, no início da tarde desta quinta-feira (30), os dois, que ficaram 38 dias sequestrados, deram uma coletiva de imprensa, após o reencontro emocionante com os familiares e amigos.
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Segundo Evandro, o momento mais crítico do sequestro foi quando ele e Rodrigo presenciaram uma briga entre os sequestrados e ‘compradores’ do avião.
“Os dois grupos começaram a discussão. Com isso, chamamos um deles (sequestradores) para conversar. Dissemos que ia ficar muito perigoso para nós e que poderíamos morrer, por isso, pedimos que eles nos libertassem”, explicou.
Após fazer o pedido, Evandro disse que um dos criminosos autorizou a saída dos dois e ainda indicou um percurso. Rapidamente, os dois seguiram a dica. No entanto, explicaram que ainda estavam com medo, já que se outros traficantes soubessem do seu paradeiro, poderiam matá-los.
“Caminhamos cerca de três horas, onde dormimos na mata (na noite de terça-feira (28) para quarta-feira (29). Acordamos e seguimos a caminhada das 3h até as 11h (desta quarta-feira (29)”, falou.
Ainda na cidade de Santa Rosa, eles conseguiram pegar uma carona e ir até uma rodoviária. Em seguida, pegaram um ônibus até Guarajá-Mirim (RO). “Somente em solo brasileiro que ficamos mais tranquilos”, frisou Evandro.
CATIVEIRO
Segundo Rodrigo, os sequestradores os trataram de forma pacífica, no entanto, ele destacou que evitava olhar para os criminosos e fazer perguntas.
“A princípio, só tivemos armas apontadas para nós no dia do sequestro. (Dia 20 de setembro, no aeroporto de Pontes e Lacerda). Quando pousamos em uma pista clandestina já na Bolívia eles pegaram todas nossas bagagens, revistaram e nos devolveram sem os celulares e carteiras. Somente dois dias depois que devolveram os documentos”, destacou.
Já conforme Evandro, os dois ficaram em vários tipos de cativeiro. Em um desses locais, até a uma mulher cozinhava para todos. “Ficamos em rancho, fazenda, casa e até na mata. O mais difícil era quando ficávamos na mata, porque tínhamos que comer arroz branco em um copo descartável”, lembrou.
NARCOTRÁFICO
Sobre a venda do avião, Evandro disse que provavelmente iria ser vendido para um grupo de traficantes, já que os mecânicos chegaram de colocar um tanque extra, pintar de outra cor e mudar o prefixo.
PARADEIRO DO AVIÃO
Também em entrevista à imprensa, Riva disse que comunicou a Interpol, passando a informação do paradeiro da aeronave. Segundo ele, com a informação, a Polícia só não recupera a aeronave se não quiser.
Avaliando o trabalho da Polícia Civil, o deputado destacou que os trabalhos policiais investigativos não surtiram efeito. Porém, diante da logística do caso, não da para condenar os serviços. “É muito difícil investigar uma coisa que está em outro território”, finalizou.
Veja a coletiva com os pilotos: