FERNANDA ESCOUTO
DO REPORTÉR MT
Os empresários Julinere Goulart Bentos e César Jorge Sechi, de Primavera do Leste, foram indiciados pela Polícia Civil, por envolvimento no assassinato do advogado Renato Nery, em Cuiabá. O casal é acusado de ser mandante do crime.
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Julinere e César Jorge foram indiciados pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe, promessa de recompensa, emprego de meio que possa resultar em perigo comum e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Segundo a investigação da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, Renato Nery foi assassinado por conta de uma discussão judicial envolvendo uma propriedade rural de mais de 12 mil hectares em Novo São Joaquim, região leste de Mato Grosso.
A DHPP apurou que o casal articulou, por meio de intermediários, sendo o policial militar da Rotam, Heron Teixeira Pena Vieira, e o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, a contratação dos executores do homicídio de Renato.
O casal já se encontra preso preventivamente.
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Crime arquitetado
Durante as investigações, foi constatado que Heron e o Alex vinham monitorando a vítima por vários dias. Também foi comprovado que, no dia anterior ao homicídio (4 de julho), Alex parou com a moto próximo ao escritório do advogado, em horário idêntico e no exato local de onde atirou na vítima no dia 5 de julho.
As provas demonstraram que o crime foi premeditado e a intenção era assassinar o advogado no dia 4. Mas, por algum motivo alheio, o crime não se consumou no dia planejado, provavelmente devido a alguma circunstância inesperada.
Outros intermediários
Outros dois policiais militares foram identificados pela polícia como intermediários do assassinato de Renato Nery. São eles: o policial da inteligência da Rotam, Ícaro Nathan Santos Ferreira, e o cabo Jackson Pereira Barbosa.
Eles também foram denunciados pelo MP e são réus por homicídio qualificado, fraude processual, abuso de autoridade e organização criminosa.
De acordo com a denúncia, Ícaro e Jackson “participaram do meticuloso planejamento e execução do homicídio qualificado do advogado”.
Enquanto Jackson teria coordenado o crime e realizado os pagamentos, Ícaro forneceu a arma usada, bem como facilitou a transferência da recompensa do crime.
Os dois PMs também estão presos.
Falso confronto
Outros quatro policiais militares da Rotam também se conectam ao assassinato de Renato Nery. Jorge Rodrigo Martins, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Leandro Cardoso foram acusados de forjar um confronto para dar fim na arma utilizada para matar o advogado.
O suposto confronto aconteceu uma semana após a morte de Renato, no dia 12 de julho do ano passado, por volta da 1h, no Contorno Leste, próximo à região do bairro Pedra 90, em Cuiabá.
Na ação, eles teriam matado um jovem de 26 anos e ferido dois adolescentes de 16.
Após o falso confronto, a arma, supostamente encontrada no local, foi entregue em mãos por Jorge. Depois, a perícia constatou que não houve troca de tiros naquela madrugada e que a arma era a mesma usada para assassinar Renato Nery e outra vítima em 2022.
Relembre o crime
Renato Gomes Nery morreu aos 72 anos, atingido por disparos de arma de fogo, no dia 5 de julho de 2024, em frente ao seu escritório, na Capital. A vítima foi socorrida e submetida a uma cirurgia em um hospital privado de Cuiabá, mas morreu horas depois do procedimento médico.