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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

02 de Agosto de 2018, 16h:00 - A | A

POLÍCIA / CRIME ORGANIZADO

Arcanjo sobre jogo do bicho: 'Não sou bobo de mexer com isso'

Além de anotações com nomes de familiares dele em casa de jogo do bicho, uma denúncia de ameaça a concorrente também levaram a Justiça a convocar João Arcanjo Ribeiro para esclarecimentos.

MARCIO CAMILO
DA REPORTAGEM



Em audiência de justificação, na tarde desta quinta-feira (2), o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro negou ao juiz Geraldo Fidélis, da 2ª Vara Criminal da Capital, que esteja novamente envolvido na prática ilegal do jogo do bicho, conforme denúncia, que poderia levá-lo novamente para a cadeia.

“Passei 15 anos preso. Você acha que eu sou bobo de mexer com isso. Não sou proprietário mais da Colibri”, declarou  Arcanjo ao promotor do Ministério Público, Rubens Alves de Paula.

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Além do fato de anotações com os nomes do filho de Arcanjo e da ex-mulher dele terem sido encontradas recentemente pela Polícia Civil em casa de jogo do bicho, há uma denúncia de que Arcanjo estaria ameaçando concorrentes.

“Passei 15 anos preso. Você acha que eu sou bobo de mexer com isso? Não sou proprietário mais da Colibri”, declarou Arcanjo.

Em boletim de ocorrência, um homem identificado como Alberto Jorge denuncia que foi agredido por seguranças de Arcanjo no estacionamento de propriedade da família dele, na Avenida do CPA, em Cuiabá. A agressão seria por disputa de ponto de jogo do bicho.

A situação foi negada por Arcanjo.

No boletim de ocorrência Alberto Jorge também disse que os seguranças queriam as máquinas dele porque ele "era da concorrência", e que Arcanjo teria voltado a comandar o jogo do bicho, com ramificações no interior do Estado depois que foi solto, em fevereiro deste ano.

O juiz Geraldo Fidélis solicitou que Alberto seja convocado para esclarecer as denúncias contra Arcanjo e marcou a audiência para o dia 13 de setembro as 14h45.

 Arcanjo permanece em liberdade e vai participar da audiência com Alberto. 

Casas do jogo do bicho

A Polícia Civil encontrou em uma operação da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) , no último dia 10 de julho, uma casa de jogatina, um caderno de anotações com os nomes de João Arcanjo Ribeiro Filho e de Silvia Chirata Arcanjo Ribeiro – filho e ex-mulher de Arcanjo.

Os registros foram encontrados na casa de Marcelo Gomes Honorato, no bairro Jardim Umuarama. Além desse local, o GCCO ‘estourou’ mias três casas do jogo do bicho na rua Comandante Costa, no Centro de Cuiabá.

O balanço da operação resultou em prisões, apreensões de dinheiro, máquinas de cartão de débito e crédito, cheques, cartela de jogos, além de 50 máquinas caça-níqueis.

Em 26 de fevereiro deste ano, quando Arcanjo ganhou a liberdade, depois de 15 anos preso, ele foi orientado pelo juiz, durante a audiência admonitória, de que poderia ser detido novamente caso voltasse a cometer crimes.

RepórterMT

Arcanjo

Arcanjo chegou sorridente ao Fórum de Cuiabá, na tarde desta quinta-feira (2).

‘Al Capone de Mato Grosso’

João Arcanjo comandou o crime organizado no Estado entre os anos 90 e início dos anos 2000. Nesse período ele instalou um poder paralelo em Mato Grosso, que envolvia crimes de assassinato, lavagem de dinheiro, contrabando e principalmente o jogo do bicho, que era promovido pelo Grupo Colibri.

Arcanjo recebeu a honraria de “comendador do Estado” – título oferecido pelo Governo às pessoas que se destacam por ajudar a engrandecer a sociedade, seja por trabalhos ou influências sociais, econômicas e políticas.

Mas a sua derrocada começou em 2002, depois do assassinato do jornalista Sávio Brandão, dono do Jornal Folha do Estado (já extinto). Na época Brandão foi o único a denunciar o jogo do bicho comandado por Arcanjo. Foi ele quem apelidou o então comendador de o “Al Capone de Mato Grosso”.

Brandão foi assassinado em setembro de 2002, com vários tiros, na frente da sede do seu jornal, no bairro Consil, em Cuiabá.  

O crime gerou repercussão internacional.

Arcanjo foi preso dois meses depois do assassinato de Brandão, em razão da Operação Arca de Noé – deflagrada em conjunto pelo Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Procuradoria da República, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Banco Central e Receita Federal. 

No dia da ação o ex-comendador não foi encontrado, sendo preso um ano depois (2003) no Uruguai. Ele foi sentenciado a 19 anos de prisão, acusado de ser o mandante da morte do empresário.

Arcanjo também foi condenado por outros crimes, como homicídio, contravenção penal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro. Somadas, as penas chegam a mais de 87 anos.

Ele ficou 15 anos preso. Em 26 de fevereiro deste ano ganhou a liberdade depois de cumprir 1/6 da pena, conforme a lógica de progressão do sistema penitenciário brasileiro.

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