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Cuiabá, 18 de Maio de 2024
18 de Maio de 2024

18 de Novembro de 2019, 14h:04 - A | A

PODERES / PEDIDO DE PRISÃO

Delegadas afirmam que Jarbas virou secretário para proteger investigados nos grampos

A Polícia Civil explica que o ex-secretário praticou dezenas de atos para obstruir investigações da Grampolândia Pantaneira.

RAUL BRADOCK
DA REDAÇÃO



Investigação da Polícia Civil aponta que o ex-secretário de Estado de Segurança Pública, delegado Rogers Elizandro Jarbas, foi nomeado no cargo exclusivamente para proteger e defender os interesses da suposta organização criminosa responsável pelas escutas telefônicas clandestinas, esquema que ficou conhecido como “Grampolândia Pantaneira”.

As informações constam na representação de prisão de Jarbas feita pela força-tarefa da Polícia Civil, chefiada pelas delegadas Ana Cristina Feldner e Jannira Laranjeira. O investigado não foi preso, entretanto, usará tornozeleira eletrônica por determinação do juiz Jorge Luiz Tadeu, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

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“Percebemos que em liberdade, além de coagir pessoas ligadas à investigação, tumultua com reintegradas tentativas de ataques na imprensa à reputação dos investigadores, tenta destruir prova e ainda realiza recrutamento de agentes públicos para ter conhecimento das investigações”, diz trecho do pedido de prisão.

De acordo com a representação, Jarbas praticou dezenas de atos (todos listados na denúncia), com único objetivo de obstruir investigações relacionadas à Grampolândia Pantaneira.

Inicialmente a denúncia foi feita pelo então secretário de Segurança, promotor Mauro Zaque e vinculada no programa Fantástico, da TV Globo. Zaque deixou a secretaria “por não aceitar fazer parte da organização criminosa”.

“A organização criminosa teria percebido que para a manutenção da mesma e preservação de seus integrantes, ter um Secretário de Estado de Segurança Pública que gozasse da confiança da ORCRIM tornou-se prioridade. Assim, por um breve espaço de tempo, cerca de três meses, o cargo foi ocupado pelo então promotor Fábio Galindo, que participou do secretariado de Mauro Zaque. Porém, na sequência, houve a nomeação de Rogers Jarbas, com o nítido intuito de proteger a organização criminosa, fechando o flanco que havia”, consta na denúncia. 

Jarbas foi secretário do ex-governador Pedro Taques (PSDB), que é apontado como “dono” do escritório clandestino montado em Cuiabá com objetivo de obter vantagem política ao monitorar opositores, jornalistas, advogados e empresários. As escutas teriam dado vantagem para Taques, que venceu as eleições em 2014.

Ainda na representação da prisão de Jarbas, consta que ele agiu perseguindo e mudando delegados de setores, além de nomear pessoas de confiança em outros pontos estratégicos para monitorar e obstruir as investigações dos grampos.

Dentre as ações, está a participação no plano arquitetado para filmar o desembargador Orlando Perri, colocando uma câmera escondida na farda de um Policial Militar lotado no Tribunal de Justiça. Perri era o responsável por investigar o caso na época e o objetivo era gravá-lo com a intenção de desqualificar ele – obstruindo, mas uma vez, as investigações.

A descoberta da câmera escondida resultou na Operação Esdras, deflagrada pela Polícia Civil, que prendeu Jarbas e outros secretários, além de militares. 

O ex-secretário foi solto após passar um período detido e, recentemente, recebeu a aposentadoria do Governo do Estado, aos 45 anos. 

Ao pedir nova prisão de Jarbas, as delegadas apontam que, respondendo em liberdade, o acusado passou a agir mais intensamente para ‘blindar’ a organização criminosa. 

“Represento pela prisão preventiva do citado por envolvimento na Organização criminosa. [...] percebemos que em liberdade, além de coagir pessoas ligadas à investigação, tumultua a investigação com reintegradas tentativas de ataques na imprensa à reputação dos investigadores, tenta destruir prova e ainda realiza recrutamento de agentes públicos para ter conhecimento das investigações. Jarbas já recebeu o benefício de responder em liberdade, ao invés de colaborar com a justiça, continuou a engendrar meios de manter a organização criminosa ativa, bem como tentar blindar seus membros, agindo com destreza e de forma mais experiente após a soltura”.

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