CAMILA PAULINO
DA REDAÇÃO
O advogado Kleber Tocantins Matos, condenado junto com o irmão, Alex Tocantins Matos, a 14 anos de prisão, em uma ação relativa à Operação Ararath, alega que fez lavagem de dinheiro para viabilizar o pagamento de R$ 19 milhões em precatórios superfaturados à empresa Hidrapar Engenharia Civil Ltda, por ameaças feitas pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
Segundo Kleber, Silval, que ainda era vice-governador na gestão Blairo Maggi, o chamou para pedir "ajuda" relativa a uma dívida com a empresa Globo Fomento LTDA, de Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça. A ajuda seria lavagem de dinheiro, no valor de R$ 4,7 millhões.
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“Assim, segundo Kleber Tocantins, em razão de ameaças realizadas pelo então vice-governador, Silval, no dia 25 de março de 2009 efetuou a transferência de R$ 4,750 milhões, em favor da factoring Globo Fomento Ltda”, afirmou o juiz Jeferson Schneider, da 5ª Vara Federal em Mato Grosso.
“Assim, segundo Kleber Tocantins, em razão de ameaças realizadas pelo então vice-governador, Silval, no dia 25 de março de 2009 efetuou a transferência de R$ 4,750 milhões, em favor da factoring Globo Fomento Ltda”, afirmou o juiz Jeferson Schneider, da 5ª Vara Federal em Mato Grosso.
Anteriormente, conforme a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Silval e os irmãos advogados, junto com o ex-secretário de Fazenda, Éder Moraes, viabilizaram a propina de R$ 19 milhões, através do pagamento de dívidas da Sanemat junto à Hidrapar.
Durante depoimento prestado ao juiz Jeferson Schneider, Kleber Tocantins detalhou como era o esquema. Ele disse que foi chamado por Silval, para negociar o pagamento da empresa pela Sanemat.
“Depois de haver negociado entre os meses de julho de 2008 a fevereiro de 2009, acordaram no pagamento de R$ 19 milhões”, diz trecho da decisão.
Em março de 2008, foi realizado parte do pagamento ao escritório dos irmãos Tocantins, no total R$ 9,5 milhões. O MPF ainda afirmou que parte do dinheiro - R$ 5,2 milhões - retornou aos membros do esquema para pagamento de dívidas de campanha e para alimentar a “conta-corrente” do grupo.
Júnior Mendonça, no entanto, voltou a procurar Kleber Tocantins, com uma cobrança de mais R$ 4,5 milhões, que também seria pedido de Silval Barbosa.
"Após afirmar que não iria realizar o segundo pagamento e que procuraria a Polícia Federal, Júnior Mendonça teria afirmado que se o acusado efetuasse um pagamento no valor de R$ 500 mil, ninguém mais o procuraria, o que efetivamente ocorreu em 08/05/2009 com o depósito no valor de R$ 500.000,00 em favor da factoring Globo Fomento Ltda", apontou o magistrado.
A sentença dos irmãos Tocantins e de Éder Moraes foi proferida no dia 24 de maio. Éder Moraes foi condenado a 10 anos de prisão.
Silval está preso desde setembro de 2015 no Centro de Custódia da Capital (CCC), acusado de envolvimento em crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, associação criminosa e esquema de incentivos fiscais decorrentes da Operação Sodoma, que já está na quinta fase.
Outro lado
A defesa dos irmãos Tocantins afirma que irá recorrer da decisão, que considerou "desproporcional". O advogado José Antonio Alvares afirmou que o magistrado não levou em consideração o fato de Kleber ter relevado à Justiça que foi o ex-governador Silval Barbosa quem solicitou o pagamento de propina para liberar o precatório da Hidrapar Engenharia Civil Ltda.
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