WILSON CARLOS FUÁ
Um amigo me contou, que certo dia andando pela Av. Rubens de Mendonça, percebeu que vinha em sua direção três jovens aparentemente felizes, de boa aparência e de bem com a vida. Mas logo veio em sua cabeça um medo momentâneo, e com ele a vontade de atravessar para o outro lado da Avenida, e aquele sensação de incerteza tomou conta do seu pensamento, e aí veio um firme sentimento de insegurança mentalmente, que dizia que aqueles jovens iriam assaltá-lo.
Mas preferiu afastar da sua mente o presságio de ser a próxima vítima e achando que era apenas um ato discriminatório, pois os jovens não estavam mal vestidos, o bermudão e bonés eram moda em 2012, e mesmo na dúvida continuou a caminhar e contemplar a Avenida, mas ao aproximar dos jovens foi assaltado com uma violência descomunal, os jovens tinham raiva existencial, eram usuários de droga e apesar de “talvez” serem de famílias abastadas, teriam que achar um financiador das suas alucinações e da sua vagabundagem.
Muito de nós, temos no pensamento que a violência só acontece com os outros e acha que isso jamais irá acontecer conosco, e esquecemos que a violência tomou conta da cidade: por isso, na dúvida, procure ouvir a voz do seu coração.
Vemos pela cidade vários jovens entre os viciados, se agrupando entre si, vivendo dentro das suas cascas e não dá um passo fora da rotina imperativa, e por não ter evolução e levar uma vida insignificante, o que lhe resta são apenas olhar as pessoas pelo lado crítico por serem contrários a sua autodestruição e cada transeunte é transformando em um potencial alvo para ser assaltado.
São jovens vivendo armados de todas formas de defesa e transferindo seu pouco sucesso para a responsabilidade daqueles que um dia os educou. Apesar de saber que na verdade a sua padronização desmente completamente a necessidade ilimitada de libertar da roupa acultura que faz parte da sua vestimenta escolhida por suas próprias indecisões, não buscam na fé pelo menos uma saída, até entender que a liberdade de ação é fundamental, mesmo que seja sem qualquer motivo, mesmo que não tenha incentivos, mesmo sem razão, o importante é mudar só para quebrar a rotina e evoluir para um mundo sociável e verdadeiro que é a única forma de sair do mundo da droga e da vida criminosa e agressiva contra os pacatos cidadãos que aceitam a humilhação do abuso e não reagem.
A reação pelas mudanças é conflituosa porque ao desfazer dos condionamentos, chegará a outra base da eliminação da paz interior, que em algumas pessoas desaparece pelos conflitos. A realidade está na transposição do véu, no primeiro passo além da imaginação, que só poderá ser encontrado por aqueles que acreditam que podem encontrá-lo além dele, porque uma única coisa que faz, poderá contribuir para esquecer e abandonar as demais, mesmo sendo boas ou mais, se não a fortificação mental para fazer, tornará escravo do: “sozinho eu nada posso, então deixa tudo como está, para ver com é que fica”.
E assim somos todos nós, somos muito críticos das fotos externos, porque o espelho dos nossos interiores transmite imagem apagada, por isso, muitos acham mais fácil, tentar concertar o mundo e esquecem-se de consertar, antes a sua própria vida. Não existe nada completamente certo ou perdidamente errado neste mundo: “mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia”. Vivendo neste extrato social com muita violência urbana, estamos na fila para saber quem será o próximo pacato cidadão a ser assaltado, assim todos os estranhos e mal vestidos são potencialmente possível ator no mundo da violência contra nós. Quantas vezes não discriminamos uma pessoa só por ela ser despossuída de beleza ou por trajes despadronizados. Infelizmente a discriminação tornou-se uma forma de autodefesa, na dúvida é melhor prevenir do que ser a próxima vítima.
Economista Wilson Carlos Fuá – É Especialista em Administração Financeira, Recursos Humanos e Consultoria Política/Social.
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