WILSON SOARES FUÁH
Noticiou-se que os Pensadores foram ao Palácio, e isso, me fez lembrar um personagem que representei na Rádio MegaFM, com Lino Rossi, no programa “Chamada Geral” caracterizando-me como “O Pensador Cuiabano”, onde eu produzia e interpretava artigos e crônicas de forma filosófica, sobre os momentos da cidade e do estado. Mas, o objetivo principal como pensador, era fazer os ouvintes desenvolver o livre pensar, proporcionando-os a produzir projeções baseadas em observações novas, de formas profundas e impessoais.
Foram momentos históricos e ricos da minha vida, pois tinha a liberdade para produzir com reflexão, textos baseados em filosofia de vida, indiferente aos preconceitos, independente de partidos políticos ou convenções sociais.
O Rádio nos dá uma sensação de pensar falando e entender como é fácil nos satisfazermos com as palavras, e porque isso nos faz tornarmos presos às explicações, porque a espontaneidade e a instantaneidade de estar no ar, faz com que possamos sentir os mistérios que rompem as barreiras das explicações, e que ultrapassam a simplicidade das palavras, nos fazendo descobrir pela locução o verdadeiro poder da comunicação.
A capacidade de comunicar, aplicada de forma simples e diversificada, pode até não atingir todas as camadas de ouvintes, mas dentro do estúdio sentimos a satisfação e a emoção de achar que a nossa voz está alçando o mundo, tudo isso, PORQUE NOS SATISFAZEMOS COM PALAVRAS, com as especulações, com as tradicionais respostas e as emoções que o mundo da radiofonia provoca em tudo que criamos.
No Programa - “Chamada Geral”, às 6:45 das manhãs cuiabanas, durante a semana, lá estava eu, usando os poderosos microfones da Mega/FM e nas ondas do Rádio, em plenos momentos de ebulições políticas, tentava abrir os olhos do povo sobre a importância em saber votar, pois cada um de nós, na verdade ao votar, passamos a nossa responsabilidade de crescer e progredir para alguém que candidatou-se por nós.
Mas, os ouvintes talvez não pudessem entender que ao passar toda a sua responsabilidade para alguém, despercebidamente você, em ato continuo, está “abrindo mão” de alguma parte da sua liberdade, deixando sua ação para alguém que o representará por quatro longos anos, como vereador, ou como deputado, ou como senador.
São esses “caras”, que produzem as Leis e que regulamenta as ações das nossas vidas, e por isso, criamos certas dependências, mas infelizmente o povo é doutrinado, a pensar que veio para ser protegido, veio para alcançar alguma segurança, ou ter alguém que preocupa com a sua saúde, e faz desses políticos uma ancora. O seu futuro muito tem a ver com as suas escolhas, pois os seus representantes escolhidos erradamente são os verdadeiros responsáveis por fazer seu dia, simplesmente entrar em colapso.
Esses representantes após as eleições, passam a demonstrar que não tem qualquer ligação direta com o seu voto, por que suas ações e procedimentos sem ética também são descontínuos quando se trata de razoabilidade, e por isso, não tem nada a ver com o seu passado, e por isso, não lhe trará nenhum futuro, tem apenas uma presença pura, aqui e agora, sem responsabilidade com a sua existência.
Deixei a Rádio, mas o Rádio ficou dentro de mim, é um vício que domina o seu quer, e fica um desejo de sempre estar lá, produzindo comentários irônicos sobre a natureza da nossa civilização, que através da política, nos joga na cara tanta indignações sobre escândalos e desvios de recursos públicos, que é de perene veracidade nas ideias políticas e sociais, onde nada envelhece na velocidade das notícias, onde tudo impressiona como muito moderno, como sendo tão nova, ou porque, tendo ouvido falar, mesmo assim, o povo está preparado para ignorá-la completamente.
Tudo no Rádio é assim, fazer o povo entender que tudo aquilo que pensávamos ser sustentáveis como verdade há 20 anos, de repente não mais nos bastará agora, pois tudo muda a cada coletiva dos políticos, ou nova delação premiada, ou nova operação da Polícia Federal, tudo muda de importância de acordo com os fatos e sua própria relevância, talvez por isso, os Pensadores foram à Palácio, ao certo não sei.
Economista Wilson Carlos Fuáh – É Especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas. Fale com o Autor: [email protected]