ALAN PORTO
Cada vez mais, a sociedade e a imprensa precisam falar sobre protagonismo juvenil. Valorizar esse bom exemplo é também falar sobre educação pública de qualidade e sobre o compromisso da família com a formação integral de seus filhos.
Na escola, despertamos no estudante a capacidade de liderar, de tomar decisões conscientes e de projetar o próprio futuro, cumprindo nossa missão de formar pessoas capazes de transformar a sociedade. Mas é dentro de casa que essa jornada começa.
Pais que educam, acompanham e cercam seus filhos de amor e limites saudáveis oferecem a eles as primeiras ferramentas para experimentar o protagonismo. É no lar que se aprendem valores como disciplina, respeito e responsabilidade. Quando a família se omite, os degraus da aprendizagem na escola se tornam mais difíceis de subir e as oportunidades de liderança podem se perder.
O estudante protagonista é fruto dessa dupla base, que é família estruturada e escola comprometida.
Ele se destaca naturalmente, sem precisar ser empurrado para a responsabilidade, porque já enxerga a escola como ponte para o futuro que deseja construir. Na rede estadual de ensino, por exemplo, ele tem a chance de concluir o ensino médio com fluência em um segundo idioma, pode definir com clareza seu projeto de vida e, diante da Educação Técnica Profissionalizante (ETP), encontra caminhos concretos para alinhar vocação e mercado de trabalho.
Esse diferencial não nasce do acaso. É resultado da formação recebida no lar, somada a nossas políticas públicas consistentes no projeto EducAção 10 Anos, escolas estrutuirtadas e professores engajados em fazer da sala de aula um espaço de descobertas.
Outro traço desse jovem é a maturidade. Ele não se envolve em brigas ou distrações que desviem sua trajetória educacional. Isso não significa isolamento, mas sim consciência de que já possui um papel social e profissional a desempenhar.
Recentemente, dois eventos emblemáticos em Mato Grosso reforçaram essa visão. O 2º Encontro Estadual dos Grêmios Estudantis e a 2ª Expo Estudantil. Ambos tiveram como foco o protagonismo, mostrando que, quando se dá voz aos jovens, eles respondem com entusiasmo e criatividade. Na Expo Estudantil, em especial, a Educação Técnica Profissional foi vitrine de possibilidades, inspirando muitos a seguir por um caminho de realizações e conquistas.
Defendo que investir na juventude, desde a infância, é investir em um futuro mais competitivo e humano. O estudante protagonista da escola pública não é apenas aplicado. Temos provas de que ele é líder em formação, cidadão consciente e profissional preparado.
O fortalecimento desse perfil não pode ser tratado como privilégio, mas como uma necessidade estratégica para o desenvolvimento de Mato Grosso e, porque não, do Brasil.
A escola pública de Mato Grosso tem cumprido seu papel, mas a família precisa enxergar com clareza a sua responsabilidade nesse processo. Só assim teremos mais jovens não se envolvendo com atos de violência pela simples convicção do que é correto e produtivo, além de comprometidos com o bem comum.
O protagonismo juvenil, portanto, nasce em casa, ganha corpo na escola e se consolida na sociedade como esperança concreta de transformação.
Alan Porto é secretário de Educação de Mato Grosso