PAULO ZAVIASKY
Pedem-me que seja mais otimista. Mas, o povo brasileiro está preocupado com os monarcas desse reino inacessível aos reles mortais, nessa orgia dos reis, rainhas, duques e duquesas, príncipes e princesas dos primeiros escalões da Pátria.
Alguns bandidos preferem traficar entorpecentes; outros, armas. Muitos explodem caixas de bancos, outros assaltam. Todos correm risco de morte ou de vida. Os mais vivaldinos recebem de empreiteiras, construtoras, empresários, madeireiros, desmatadores, traficantes...
E colocam tudo em meias, cuecas, sutiãs e bolsas na festa da impunidade. E os superinteligentes se transformam em cartolas da máfia do esporte tupiniquim, a maior roleta do mundo.
Os atuais frágeis poderes da República, os tais "primeiros escalões", vivem se acusando uns aos outros só para desviar nossas atenções dos verdadeiros crimes e mentiras que cometem nesse adultério contra a Pátria e para ninguém perceber que estão totalmente nus e com as mãos nos bolsos.
O cidadão, hoje, não confia em ninguém, pois não sabe quem é "normal" ou não. Se alguém, até da própria família, nos cumprimenta com um "bom-dia", saímos correndo pra bem longe dele na certeza de que possa ser mais um golpe contra nossa cidadania. Ou se for forte e corajoso, indaga, de cara: "-bom-dia, por quê"?
De guarda de quarteirão, passando pelos três poderes, o quarto poder também que é a imprensa, até o portão do Céu que Deus trancou provisoriamente, apenas vemos bandalheiras. Não temos para quem reclamar, pois todos são suspeitos de envolvimento na teia imortal dessa anarquia.
Vejam o que acontece hoje. Descobriram que o ministro dos Esportes mete a mão na cumbuca. Botaram ele pra fora. Puseram um deputado também comunista, Aldo Rebelo, no lugar dele.
De cara, prejudicou Cuiabá nessa esotérica Copa fantástica e histórica pela quantidade de misteriosos e vergonhosos mergulhos sem escafandros no rio Tietê cuiabano que é representado por empreiteiros, empresas, construtoras, lobbies, esquemas e deboche com a cara de todo mundo.
Descobre-se que o deputado comunista, Aldo, que agora é ministro para tratar da Copa, recebia dinheiro de todo mundo para gastar nas eleições combinadas com autoridades dos três poderes.
E sobrou para Cuiabá o periquitinho que só leva a fama enquanto esses safados papagaiões é que comem todo o milho desse terreiro de macumba daqui onde bem-intencionados apenas rufam o bombo e ainda sofrem críticas.
As duas construtoras que demoliram o "Verdão" que ninguém acredita ainda que isso aconteceu e que a História se encarregará de resgatar tal crime dos responsáveis que nas próximas eleições serão nominados e conhecidos por todos, doaram dinheiro dessas dinamites para esse outro cara quem nem sabe que em Cuiabá a bola é quadrada. Farinhas do mesmo saco.
Apelar para quem? O castelo do reino está em festa eterna de orgias nudistas. Os poderes, sem exceção, estão nadando de braçada, preparando-se para as Olimpíadas próximas. ONGs de moralidades acusam jornalistas de trabalharem para ganhar dinheiro e querem que trabalhem de graça, pregando, portanto, paradoxos da moralidade. E eles próprios fazendo tudo isso que está vindo à tona.
Até políticos importantes e democráticos, ao contrário de ontem quando ainda não eram eleitos, criam raiva da imprensa e, ao invés de adotarem medidas que tanto pregaram perante as verdadeiras democracias do mundo moderno, pregam, agora após eleitos, o "prendo, arrebento e mato" de triste memória em nosso anedotário histórico.
Os militares devolveram depressa nossa Pátria aos civis quando perceberam que o Maracanã não caberia todos os presos que eles queriam prender, matar e arrebentar.
Agora, tenho uma inquietação: acho que sou honesto e isso me preocupa muito. Para todos os lados que olho, só dá bandidos e ladrões. Nem sei com quem desabafar, principalmente agora que descubro que não é só o Maracanã... Nem todos os estádios da nação inteira cabem, hoje, os bandidos do Brasil. Somos, portanto, minoria. Para salvar o fígado, até fantasio em fazer parte da maioria...
PAULO ZAVIASKY é jornalista em Cuiabá.
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marcelo arruda 29/10/2011
Ser honesto é uma obrigação para a evolução das pessoas. No caso do colunista parece que o pensamento não comunga com as ações, vide afastamento rígido (hardware) do TRT. Explique-se!
1 comentários