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Cuiabá, 12 de Outubro de 2024
12 de Outubro de 2024

28 de Agosto de 2014, 08h:47 - A | A

OBRAS DA COPA / VERGONHA NACIONAL

Viaduto interditado VLT e insegurança na trincheira são destaques no UOL

VINÍCIUS KONCINSKI
DO UOL - RJ



Não faz nem dois meses que acabou a Copa do Mundo de 2014, e uma parte das obras realizadas para o torneio já apresentou problemas. Viadutos e pontes de projetos de mobilidade de cidades-sede do torneio tiveram falhas de construção oficialmente constatadas por governos locais. Três deles, aliás --um em Cuiabá e dois em Belo Horizonte--, estão interditados para que possam passar por reparos.

Na capital de Mato Grosso, a obra interditada faz parte de um dos projetos mais caros do Mundial: o VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) entre Cuiabá e Várzea Grande, uma obra de quase R$ 1,5 bilhão. O chamado Viaduto da Sefaz serviria como uma pista de retorno sobre o traçado do trem urbano. Seis meses ter sido construída, ela precisou ser fechada.

Segundo a Secopa-MT (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo de Mato Grosso), as próprias empresas que construíram o viaduto verificaram a "necessidade de serviços de reestruturação da obra". O trabalho deve durar quatro meses e será integralmente arcado pelas construtoras.

Ressalta-se que essas mesmas construtoras não conseguiram entregar para Copa do Mundo o próprio VLT. Essas empresas também são responsáveis por outra obra da Copa cuja segurança está sendo questionada pelo MP-MT (Ministério Público do Estado de Mato Grosso): a trincheira Santa Rosa.

A trincheira é uma passagem para carros construída abaixo do traçado do VLT. Também faz parte do projeto bilionário do trem urbano. O MP-MT, entretanto, considera que a obra não é segura. Relatórios obtidos pelo órgão apontam risco de deslizamento de terra no local. Por isso, o MP-MT recomendou na semana passada a paralisação da construção, que também não ficou pronta para o Mundial de futebol.

A Secopa-MT informou na terça que ainda não foi notificada pelo MP-MT. Por isso, não se manifestou sobre a trincheira e sua segurança.

Fato é que a interdição do viaduto e a recomendação do MP-MT chamaram TCE-MT (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso). Na segunda-feira, o tribunal recomendou ao governo de Mato Grosso a contratação de uma empresa para uma perícia emergencial nas obras.

Um dos conselheiros do tribunal, José Carlos Novelli, que é engenheiro civil, disse que uma "rigorosa inspeção" das estruturas construídas para o Mundial é "urgente". Segundo o TCE-MT, a recomendação foi recebida pelo governador Silval Barbosa, que concordou com a realização de estudos sobre a segurança das obras.

Mortes em Belo Horizonte

Em Belo Horizonte, as falhas em obras da Copa do Mundo causaram a morte de duas pessoas durante o torneio. Cinco dias antes de o Brasil ser goleado pela Alemanha, no Mineirão, um viaduto construído para facilitar o acesso ao estádio desabou. Além dos mortos, outras 23 pessoas se feriram.

O Viaduto Guararapes integrava o projeto do BRT (Bus Rapid Transit) Antônio Carlos/Pedro 1º. O corredor de ônibus foi uma das obras de mobilidade realizadas na capital de Minas para a Copa. A prefeitura, contudo, nega que a pista suspensa tenha sido construída por causa do Mundial.

Segundo a prefeitura, as causas do desabamento do viaduto ainda não foram reveladas. A administração municipal aguarda o resultado de uma perícia para saber as razões do acidente e o que será feito com a construção. Hoje, quase dois meses após o desabamento, nada foi feito para recuperar o viaduto.

A obra foi realizada pela construtora Cowan. A mesma construtora também fez outra pista suspensa para o BRT Antônio Carlos/Pedro 1º, o viaduto Montese. Antes mesmo da inauguração da obra, ela apresentou problemas. O viaduto está fechado. Segundo a prefeitura, ele será aberto ainda neste ano.

Desconfiança no Recife

Já no Recife, um viaduto para um BRT construído para a Copa gerou desconfiança de moradores e engenheiros. A via suspensa sobre a avenida Caxangá apresentou deformações em sua estrutura metálica de sustentação.

Representantes do Crea-PE (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) chegaram a avaliar a segurança da obra. Segundo o governo de Pernambuco, nenhum problema constatado. A obra é segura e está aberta para tráfego de veículos.

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