DA ASSESSORIA
Pedreiros, carpinteiros e outros trabalhadores contratados pela empreiteira Gutierrez, que trabalham na obra da nova fábrica da Votorantim Cimentos, na estrada do Distrito de Aguaçu, podem entrar em greve na segunda (7) caso a empresa não reapresente uma proposta de reajuste salarial até esta data.
Os trabalhadores realizaram assembleia na manhã desta sexta (4) para avaliar as propostas da empresa, que foram rejeitadas por unanimidade. Eles concederam prazo de 48 horas para que outra proposta seja apresentada e retornaram ao trabalho.
As negociações estão sendo coordenadas pelos presidentes do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Cuiabá e Municípios (SINTRAICCCM), Joaquim Santana, e da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Mato Grosso (FETIEMT), Ronei de Lima, que estiveram no canteiro de obras hoje de manhã.
Os trabalhadores estão revoltados, pois observaram que de acordo com a proposta apresentada pela Gutierrez, o reajuste real sobre o salário seria de apenas 2%, já que a empresa sugeriu retirar o benefício de 25% sobre o salário para os funcionários de outros Estados e o adicional de hora prêmio, este último causando uma perda de R$ 110,00 nos vencimentos. Os trabalhadores são contra a retirada destes benefícios e pedem ainda o pagamento pela hora itínere, período gasto entre a residência e o local de trabalho.
Eles reivindicam reajuste sobre a hora trabalhada, que hoje é de R$ 4.7 para pedreiros, carpinteiros e armadores e R$ 4.67 para montadores; com isso, os valores passariam a R$ 5,20 e R$ 6, respectivamente. Também querem que aos sábados seja estipulado o pagamento de 50% do valor da hora trabalhada entre as 7:30 e as 11:30, e depois do meio dia, 100% da hora trabalhada.
Outra reivindicação é que os empregados sejam liberados do trabalho no dia do pagamento do salário. Para compensar as horas não trabalhadas, eles ficariam meia hora mais às sextas-feiras, passando a sair do trabalho às 17 h.
Os trabalhadores também não querem mais receber por hora trabalhada, mas sim por mês. Segundo o sindicato, o pagamento por hora prejudica o trabalhador, pois o obriga a realizar hora extra em excesso para obter um salário razoável.
“Eles estão fazendo pressão psicológica, usando as nossas necessidades como arma contra nós. Na proposta, puseram um monte de números para tentar nos confundir. Mas temos exemplos de homens como Sócrates e Jesus Cristo, que são minha inspiração, morreram lutando por seus ideais”, desabafou o carpinteiro Sebastião Rosendo da Silva, um dos representantes dos trabalhadores na comissão de negociação.
Durante a manhã desta sexta, os trabalhadores permaneceram mobilizados em frente à fábrica, e foram impedidos pela direção da empresa de realizar a assembleia no pátio. A Polícia Militar foi acionada pela empresa, porém não houve tumulto. Alguns deles, que vieram de fora do Estado, se confessaram decepcionados. O montador Dorgivaldo Pereira da Silva, que veio da cidade de Canindé, no Sergipe, diz que consegue hoje o mesmo que recebia há três anos, cerca de R$ 1.500,00. “Já tive salários melhores em São Paulo, no Pará e em Minas Gerais. Está difícil de sustentar meus filhos”.
Os trabalhadores ainda reclamam do fato de serem pagos por hora, o que acarreta perdas salariais nos dias não trabalhados, tais como feriados.