MAYARA MICHELS
Lixo espalhado na calçada, invasão de usuários de drogas e andarilhos. A Praça Popular, um dos points mais famosos da cidade enfrenta dura realidade por trás do glamour. Os usuários que se amontoam na região prometem tomar conta dos carros em troca de dinheiro. O local recebe um grande fluxo de pessoas durante todo o dia e, principalmente, à noite. Segundo moradores e frequentadores, o número de flanelinhas triplicou nos últimos meses.
Segundo informações de um comerciante, que não revela o nome por questões se segurança, a culpa é da prefeitura e também de quem "colabora" dando gorgetas aos "cuidadores".
"A prefeitura, por não dar tratamento e por não recolher os usuários [de drogas] e os comerciantes, que os mantém aqui; já que os restaurantes fornecem comida e água. Um flanelinha chega a ganhar R$ 200 reais por noite movimentada”, disse.
Além dos flanelinhas, o lixo começou a se tornar um sério problema, já que apenas alguns estabelecimentos têm recipiente apropriado. A maioria coloca mesmo na calçada. “Se cada comerciante colocasse o detrito em tambores a Praça não ficaria com esse odor terrível, nem com esse visual de lixão”, disse o comerciante.
Clientes estão reclamando dos “flanelinhas” com frequência para os donos de bares e restaurantes. segundo o dono de um tradicional bar do local, eles até colocam preços. "Eles estipulam preços para parar o carro na rua e também ameaçam, caso o motorista não pague. Tive uma cliente que entrou desesperada porque um deles, que estava sob efeito da droga se aproximou demais e tentou roubar uma nota alta da mão dela", contou.
Frequentadores ouvidos pelo RepórterMT disseram que sentem medo de caminhar pelas ruas no entorno. “Prefiro evitar qualquer problema, então deixo sempre [o carro] com manobrista em estacionamento”, diz um cliente, que prefere não se identificar, por medo de represálias. "Podem riscar meu carro ou me seguir depois", contou.
Prefeitura
A Prefeitura de Cuiabá decidiu aderir ao programa do Governo Federal, “Crack, é possível vencer”. Segundo o secretário de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, José Rodrigues Rocha Junior, o programa prevê a participação de entidades ligadas a políticas públicas de prevenção do uso, tratamento e reinserção social do usuário de crack e outras drogas. Porém, no lacal, tanto clientes quanto comerciantes, informaram nunca terem visto viatura ou agentes do Programa atuando com usuários de drogas.
Para o secretário José Rodrigues, o programa se destaca pelo cuidado que prevê com a família. “É um trabalho que une a família ao poder público. Não adianta tratar o usuário de drogas e deixar a família dele sem um novo horizonte. Por isso são previstos cursos de qualificação e programas de assistência social”, afirmou.
Na teoria, tudo muito bonito, mas na prática, o que se vê é uma realidade bem diferente. Pela manhã é comum ver andarilhos e usuários dormindo pelas calçadas da Praça. Veja Fotos.
Flanelinhas se juntam na Praça a espera de carros para 'cuidar" (foto: repórtermt)
Andarilhos dormem, ao entardecer, para aguentar o "trabalho noturno". (foto: repórtermt)
9h00 da manhã, terça-feira (dia 5). Sem teto dormem na porta de tradicional restaurante
Lixo de comerciantes é jogado na calçada e causa odor insuportável (foto:repórtermt)
Enquanto isso, as lixeiras ficam vazias (foto: repórtermt)