THIAGO ITACARAMBY
A hospedagem será um dos gargalos que Cuiabá e Várzea Grande enfrentarão na Copa do Mundo de 2014. É o que mostra estudo realizado pelo departamento de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A pesquisa revela que faltarão vagas em hotéis nas duas maiores cidades do estado, que têm capacidade para hospedar apenas 13 mil visitantes. A pesquisa foi encomendada pela Secopa para traçar estratégias e investimentos para Capital. A Fifa exige que as sedes tenham como vagas de hoteis, 30% da capacidade de lotação das Arenas.
A pesquisa mostra que o número de visitantes que Cuiabá poderá receber nos dias do evento, começando em 13 de junho. No cenário mínimo, a estimativa é de 44 mil visitantes. No médio se teria 59 mil pessoas e no máximo 78 mil. A margem de erro da pesquisa é de 5%.
De acordo com a Secretaria, o objetivo da pesquisa é justamente fornecer subsídios para que as políticas de governo possam suprir todas as demandas e saber se essa capacidade está de acordo com o número previsto de turistas para os dias de jogos.
Foram criados três cenários com o número de visitantes que aqui chegarem: mínimo, médio e máximo. Segundo a pesquisa, cada turista deve ficar em média quatro dias na cidade. No cenário mínimo haveria 11 mil turistas por cada quatro dias. No cenário médio 14.986 turistas, ou seja, já excedendo a nossa capacidade.
O estudo levou em consideração a taxa anual de ocupação nos hotéis da capital, que é de 65% das vagas. Se isso permanecer na Copa, no cenário mínimo faltariam 6.600 leitos e no médio 10.300 leitos.
Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Turismo (Sindetur) de Mato Grosso, Oiran Gutierrez, Cuiabá (exceto os municípios vizinhos) atenderá apenas 70% das acomodações previstas para o evento. Ele explicou que, caso for preciso, existe a possibilidade dos moradores alugarem suas casas, além da rede hoteleira das cidades vizinhas.
Dados repassados pelo presidente do Sindetur, dão conta de que, até 2014, serão criados 14 novos hotéis na região de Cuiabá. Atualmente são 74 estabelecimentos disponíveis. “Se as pessoas realmente vierem já está valendo”, brincou Gutierrez.
O presidente do Sindetur disse que Campo Grande/MS, já está se preparando para possíveis lotações em Cuiabá. Ele comentou que o modelo foi utilizado na Copa da África do Sul, com voos e conexões direcionados para atender os turistas.
O estudo avaliou dados da Copas entre 1994 e 2010. Foi constatado que a participação de pessoas nas partidas varia de país para país. Alemanha, Inglaterra e Argentina levam mais gente nos jogos do que a Nigéria ou a Coreia do Sul. De fato, as seleções que vierem para cá irá refletir no número de turistas.
A pesquisa analisou também a probabilidade dos jogos que viriam para Cuiabá. Só haverá um jogo de cada seleção. Devem vir para cá oito seleções diferentes nos quatro jogos que serão realizados. Aqui, ou em outra sede da Copa, jogariam um cabeça-de-chave, um nome importante no futebol mundial ou até mesmo países da Europa que não estão como cabeça de chave.
PERFIL DO TURISTA
O Ministério do Turismo já traçou o perfil do turista que virá à Copa, com base em pesquisa feita durante o Mundial da África do Sul, em 2010 - são homens (83%), com ensino superior (86%) e renda média mensal de R$ 23, 4 mil.
Mas esse público terá de se acostumar com hospedagens mais modestas ou alternativas. O levantamento do IBGE mostrou que somente 12,6% dos estabelecimentos das regiões metropolitanas são considerados de luxo ou superior/muito confortável (939). A maioria desses empreendimentos fica em São Paulo: 174. O Rio de Janeiro tem a maior proporção de hospedagem de luxo do País (18,2%).
