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Após seis dias de consultas a aliados em um apartamento na zona sul de São Paulo, Marina Silva (PSB) espera para este sábado (11) o aceno à esquerda que exigiu de Aécio Neves (PSDB) antes de formalizar seu apoio à candidatura do tucano, no domingo (12).
No início de sua incursão pelo Nordeste, Aécio participa de um ato em Recife, berço político do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em agosto. A agenda inclui almoço com Renata, viúva de Campos, e lideranças do PSB no Estado, que transmitirão ao tucano a expectativa da ex-senadora.
Marina acredita que esse será o momento de o presidenciável se comprometer com os pontos condicionados por ela como prerrogativa para a aliança, como abandonar a defesa da diminuição da maioridade penal, ter compromisso com o fim da reeleição, com a reforma agrária, demarcação de terrar indígenas, entre outras bandeiras da esquerda.
A pessebista convocou para este sábado uma reunião com seus assessores para elaborar o discurso pró-Aécio.
Na quinta-feira (9), Walter Feldman, aliado de Marina, entregou ao deputado tucano Marcus Pestana o documento com as exigências. Na madrugada de sexta (10), o interlocutor da pessebista conversou com o vice do tucano, Aloysio Nunes, sobre as flexões diante dos pedidos.
Parecia o fim de um controverso processo, cercado dos rituais de discussão e recuos que viraram marca da ex-candidata ao Planalto.
A ESCOLHA
Foi no início da noite de 5 de outubro, quando recebeu de sua equipe os números das pesquisas que a mostravam fora do segundo turno, que Marina decidiu apoiar Aécio.
"Com todos os problemas, nosso programa de governo funcionou como escudo e impediu que fossemos destruídos no primeiro turno. Agora, ele vai nos salvar de novo", disse Marina no hotel em que estava hospedada, na zona oeste da capital paulista.
Parecia definitivo. Na segunda-feira (6), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso procurou a campanha do PSB para iniciar o diálogo em nome de Aécio.
Marina então reunia aliados para levantar os pontos considerados fundamentais por ela para serem incorporados pela campanha tucana.
Na quarta-feira (8), encontrou-se pessoalmente com FHC. À Folha o ex-presidente definiu a conversa como "razoável e simpática" e disse apostar em um acordo.
"Espero que nós, do PSDB, possamos mostrar quais pontos, de nossa parte, aceitamos. Espero que, depois disso, Marina formalize o apoio e ajude na campanha", finalizou o líder tucano.
Enquanto isso, os próprios aliados divergiam publicamente sobre a prioridade dos temas para Marina. Ex-filiado ao PSDB, Feldman garantiu em entrevista a jornalistas que a questão da maioridade penal não geraria impasse. Foi interrompido por Bazileu Margarido, antigo assessor da pessebista. "Esse é um ponto-chave para ela".
Após a Rede Sustentabilidade, seu grupo político, e o PSB, partido que a hospeda desde outubro de 2013, darem aval para seu apoio a Aécio, Marina adiou seu pronunciamento público, na quinta, e escolheu esperar o tucano.
Para alguns aliados, ao adiar sua decisão, a ex-senadora pode ter perdido o momento de fazer o anúncio com mais impacto político.
Nesta sexta (10), no Rio, o tucano disse que "cada um tem seu tempo" e que no tempo certo "Marina irá decidir".