"Júlio Pinheiro só tem o próprio voto no PTB", cutuca Onofre Jr

ANA ADÉLIA JÁCOMO E ANDRÉA HADDAD

A disputa pela presidência da Câmara de Vereadores já causa o primeiro “racha” no blocão de sustentação do prefeito Mauro Mendes (PSB). Escalado para defender os interesses do novo Chefe do Executivo, o vereador Onofre Júnior (PSB) afirmou nesta segunda-feira (10) que ele e o presidente da Casa Júlio Pinheiro (PTB) participarão das prévias no próximo dia 20 para definir qual dos dois irá enfrentar o colega João Emanuel (PSD), que foi eleito com maior número de votos neste pleito.

Intitulando-se como “o candidato da terceira via”, Onofre afirmou que o petebista não é unanimidade nem no seu partido, onde só teria o próprio voto. “Começamos a ver que a candidatura do Júlio era temerária, o que poderia acabar facilitando a eleição do João Emanuel, já que muitos vereadores da base disseram que, entre uma opção e outra, votariam no João por ser renovação”, confidenciou Onofre, em entrevista ao RepórterMT.

Ele reconheceu que lançou a candidatura para não deixar o prefeito eleito entre a opção de ter João Emanuel, eleito por grupo de oposição, e Pinheiro, que tem a imagem desgastada, no comando do Legislativo. “O prefeito ficou ali, daquele jeito, e eu resolvi reunir com alguns vereadores, busquei os colegas e conversei sobre a possibilidade de terceira via. Nisto, eles lançaram por consenso o meu nome, mas acredito que haverá embate interno no grupo da base. O Adevair Cabral (vereador eleito pelo PDT) colocou a candidatura, retirou, e agora parece que está de volta. Vamos fazer as prévias e definir isso”.

Conforme o socialista, os vereadores do PTB, Leonardo Oliveira e Dilemário Alencar, não apoiam Pinheiro, enquanto Clovis Hugueney, o Clovito, está com João Emanuel, vereador eleito ao primeiro mandato com a ajuda do sogro, o presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PSD).

Onofre reforça que o grupo de partidos originalmente do arco de alianças do prefeito eleito, formado por PSB, PR, PDT, PV e PPS, conseguiu eleger sete vereadores. “No segundo turno vieram alguns apoios e apoio a gente não recusa, um deles foi dos vereadores do PTB e o Mauro falou que tudo bem. Dilemário e Leonardo vieram e trabalharam. Júlio Pinheiro demonstrou apoio, não pediu votos porque não é o perfil dele”, alfinetou Onofre. Dos 21 vereadores eleitos, o grupo conseguiu compor bancada com 14 parlamentares.

O apresentador de televisão confirmou que Mendes chegou a realizar reuniões com a base para decidir a presidência da Câmara, mas pondera que o socialista não vai fazer intervenções nos trabalhos. “Dos 19 vereadores, apenas sete conseguiram a reeleição, nunca houve uma renovação tão grande, mas não poderíamos deixar isto solto. Nós fizemos reuniões de trabalho e a imprensa deturpava dizendo que era festa, jantar, farra, e nós discutíamos princípios básicos, como a mudança no regimento interno, criação do colégio de líderes, fortalecimento das comissões temáticas e a possibilidade de fazermos mais uma sessão durante a semana, mas à noite”, frisa.

CRÍTICAS

Onofre não fez questão de esconder a insatisfação diante da gestão de Júlio Pinheiro. Ele afirmou que, caso seja eleito presidente da Câmara, não irá acatar e nem votar projetos de “urgência, urgentíssima” que forem encaminhados pelo prefeito, sem antes tomar conhecimento dos mínimos detalhes. Segundo ele, Júlio votou a concessão da Sanecap, o aumento do IPTU e a venda de terrenos públicos às cegas.

“Eu já conversei com o prefeito Mauro e já disse que não serei subserviente. Projetos encaminhados às pressas não serão votados antes de uma ampla discussão entre os vereadores e a sociedade. O Júlio colocou em votação sem que os próprios vereadores soubessem do que se tratava”, disparou ele.

Outra crítica feita pelo socialista é sobre o regimento interno da Casa. Segundo ele, a Câmara opera num sistema presidencialista, que centraliza as decisões. Ele propôs mudanças e disse que o ideal é que tudo seja decidido em colegiado. Por isso, também defendeu a criação do colégio de líderes, a exemplo da Assembleia Legislativa.

Júlio Pinheiro enfrenta desgaste na gestão por ter colocado em pautas projetos enviados pelo prefeito Chico Galindo (PTB), que são considerados impopulares, como os citados anteriormente. Além disso, ele chegou a admitir publicamente, durante sessão plenária, que era alcoólatra. Isso após sua esposa pedir ajuda policial para contê-lo, durante uma discussão familiar. Gisele Pinheiro teria dito que Júlio tentou agredi-la com um garfo de churrasco.