MARCIA MATOS
DA REDAÇÃO
Em entrevista ao RepórterMT, o deputado Dilmar Dal Bosco (DEM), que sempre fez oposição ao governo Silval Barbosa (PMDB), teceu duras críticas à argumentação do secretário da Copa, Maurício Guimarães, que convocado pela Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa, justificou que os R$ 200 milhões a mais que o governo quer emprestar para concluir o VLT seriam para suprir o déficit de recursos que deveriam vir das prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, assim como dos governos estadual e federal.
Dal Bosco declarou que irá votar contra o pedido de empréstimo solicitado à Assembleia. Para o deputado, o empréstimo solicitado é o reflexo da má gestão do atual governo.
“Eu vou votar contra, porque mesmo que não esteja pegando dinheiro a mais, eu não vejo que o governo se preparou. Isso é o reflexo da gestão de governo. (...) A Prefeitura de Cuiabá pagou quase toda a mão de obra que foi executada”, disparou.
Dal Bosco ainda ressaltou que se fosse para seguir a argumentação do governo, o montante a ser emprestado deveria atingir apenas os valores para cobrir o repasse do ISS dos governos estadual e federal.
“Não precisava pegar todo esse dinheiro emprestado, só pegava o ISS que não é das duas prefeituras. Então, eu vejo que o governo em nenhum momento se preparou para nada. Faltou planejamento em tudo”, declarou.
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Conclusão do VLT ainda é uma dúvida. Empréstimo de R$ 200 milhões para a obra é motivo de polêmica na Assembleia
O pedido de empréstimo do governo precisa da autorização da Assembleia Legislativa. De acordo com o parlamentar, a matéria continua em discussão entre os deputados, mas como a maioria do Parlamento apoia o atual governo, provavelmente o pedido de empréstimo seja aprovado assim que for a votação.
Além de esclarecer a necessidade do pedido de empréstimo, o secretário da Secopa, Maurício Guimarães também foi convocado pela Assembleia para falar sobre o atraso das obras do VLT, às quais o deputado Dal Bosco lembrou que também foi contrário.
“Nós poderíamos ter investido isso [R$ 1.477 bilhão] em saúde. Aí ele [Silval] sempre alegava que para a Copa estaria pronto. Para a Copa, não ficou pronto. Depois falou que para o final desse ano ficava pronto. Mentiu também. Agora, já está fazendo uma prorrogação de contrato para o final de 2015, e também não vai ficar pronto”, criticou.
Não precisava pegar todo esse dinheiro emprestado, só pegava o ISS que não é das duas prefeituras
Apesar de ser contra admitir mais R$ 200 milhões em empréstimos para a continuidade das obras do VLT, Dal Bosco ressaltou que é preciso cautela para que as obras não sejam ainda mais prejudicadas. Portanto é preciso que os pares analisem bem o caso.
O OUTRO LADO
De acordo com a Secopa, a obra foi desonerada de R$ 257 milhões de tributos, referentes às prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, além dos governos estadual e federal. Cuiabá, porém teria cumprido 50% de desoneração.
Para completar o valor desonerado estariam faltando R$ 76 milhões referentes ao governo federal, R$ 30 milhões do estadual, R$ 6 milhões referentes à Prefeitura de Várzea Grande e R$ 68 milhões de aporte financeiro, o que somaria quase R$ 200 milhões.
Segundo o secretário Maurício Guimarães, o empréstimo de R$ 200 milhões não iria onerar o valor final da obra.
VLT PARA 2016
Ainda na mesma reunião, o engenheiro André Schuring, do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-MT), alertou que diante das irregularidades constatadas e do quanto foi executado, não há como a obra do VLT ser concluída no novo prazo estipulado pela Secopa [dezembro de 2015]. Ou seja, assim como ressaltou o deputado Dal Bosco, o governo estaria informando novamente um prazo que não será cumprido.
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Engenheiro do Crea, André Schuring acredita que a obra do VLT não fica pronta em dezembro de 2015
Também participaram da “sabatina” com o secretário Maurício Guimarães os deputados Sebastião Rezende (PR), Emanuel Pinheiro (PR), Airton Português (PSD), José Domingos Fraga (PSD), Pedro Satélite (PPS) e Zeca Viana (PDT).